Esperar-se-ia que, em época de pandemia viral, uma empresa especialista em desinfetantes navegasse sem problemas a onda de oportunidade de negócio que surgiu com a covid-19. No entanto, para a portuguesa Inokem, embora tenha conseguido desenvolver em tempo recorde (menos de 45 dias) produtos específicos para eliminar o SARS-CoV-2 e ganho clientes (nomeadamente do sector do alojamento local, que não constava da carteira de encomendas), nem tudo têm sido facilidades. A começar pela escassez e elevado preço das matérias-primas no início do surto em Portugal, sobretudo no caso do álcool. Os desafios para esta empresa familiar, criada em 2007, passam agora por manter atualizados os novos desinfetantes, “garantindo a continuação da eficácia”, mesmo que o vírus sofra alterações, e suportar uma maior demora para receber os pagamentos, adianta o administrador executivo da Inokem, Pedro Santos Martins. Ao mesmo tempo, a empresa especialista em biotecnologia está a preparar o salto rumo a uma presença mais sólida no mercado internacional, com foco na Europa, depois de alguma experiência de vendas a países terceiros.
Mal o novo coronavírus se instalou em Portugal, Pedro Martins procurou perceber o que faltava ao mercado para “os negócios manterem a atividade e ajudar na retoma da economia”. Desse propósito nasceu a gama Vircov, cuja inovação beneficiou do conhecimento já adquirido pela Inokem no campo da gripe A, da gripe suína e sobre os vírus SARS e MERS, bem como da ajuda de parceiros na área da virologia. São quatro produtos e cada um implicou um investimento entre os €15 mil e os €40 mil.