Foi um processo longo e cheio de episódios mediáticos. A saída de Antonoaldo Neves acontece três meses e meio depois de Pedro Nuno Santos o ter despedido em direto numa conferência de imprensa 2 de julho, quando anunciou o acordo de saída com David Neeleman, o acionista privado norte-americano.
Antonoaldo sai em definitivo no final desta semana, depois de ter chegado a um acordo que lhe garante que vai receber a remuneração até ao final do mandato, que termina a 31 de dezembro, e ainda a mais alguns direitos, nomeadamente um seguro de responsabilidade sobre eventuais processos judiciais futuros, como é comum existir nas grandes empresas, soube o Expresso.
O presidente transitório da TAP, Ramiro Sequeira, será cooptado nos próximos dias, ainda esta semana ou na próxima, admitem fontes do sector. A passagem de testemunho de Antonoaldo Neves para Ramiro Sequeira fez-se no último mês. O presidente transitório tem participado nas reuniões da comissão executivo, apesar de ainda não ter sido cooptado. Sequeira terá pela frente a espinhosa missão de definir e negociar o plano de reestruturação da TAP.
Antonoaldo Neves já não participou na reunião que esta segunda-feira a administração da TAP e a Boston Consulting tiveram com sete sindicatos para discutir a reestruturação da companhia.
Em declarações aos jornalista na sexta-feira, Pedro Nuno Santos já tinha admitido que o acordo de saída de Antonoaldo Neves estava fechado e que em termos substanciais o gestor iria receber tudo a que tinha direito. No domingo, o Eco também noticiou que o acordo já estaria fechado.
Para que Ramiro Sequeira assuma a presidência da TAP terá ainda de ter a luz verde do regulador da aviação, a ANAC, o que inclui a autorização para que assuma o cargo de accountable manager. A ANAC ainda não o fez porque falta fechar o negócio de saída de David Neeleman - o que deverá estar por dias - e faltava assinar o acordo de saída de Antonoaldo Neves. A barreira do acordo de saída de Antonoaldo caiu na semana passada.
Ramiro Sequeira entrou na TAP em 2018 e assumia o cargo chief operating officer (COO) quando foi convidado pelo Governo para assumir a presidência da companhia. Sequeira é um operacional, um homem do terreno. A sua função é o planeamento de voos e das operações em terra.
Chegou à TAP já com os acionistas privados David Neeleman e Humberto Pedrosa. Tem experiência no sector da aviação. Esteve em Espanha na Vueling e através desta chegou à IAG quando esta se fundiu com a Ibéria.
Ramiro Sequeira ficará no cargo até ser encontrada a solução definitiva, já que irá ser contratada uma empresa de caça-talentos para encontrar no mercado internacional o novo presidente da TAP.