A pandemia de covid-19 veio acelerar o processo de transformação digital que o sector do retalho já estava a viver. Os hábitos dos consumidores mudaram; as lojas físicas não vão desaparecer, mas terão de se adaptar; e as empresas terão de repensar custos e cadeias de abastecimento, sem esquecer o mais importante: os trabalhadores e os clientes.
Foram estes desafios e prioridades que estiveram a debate esta tarde, em direto no Facebook da SIC Notícias, integradono CEO Retail Forum, um encontro moderado pela jornalista Patrícia Carvalho e que contou a participação de Jill Standish, a responsável pela área de retalho da Accenture; Manuela Vaz, vice-presidente da Accenture em Portugal; Liliana Ferreira, presidente executiva da Fraunhofer Portugal; Luís Carvalho, vice presidente da área de arquitectura de sistemas da Farfetch e Luís Roque, CEO da startup Huub. Estas são as principais conclusões do encontro.
O impacto do covid-19
- O comércio online já estava a crescer, mas com o encerramento das lojas, cresceu ainda mais. Contudo, não foi um aumento avassalador. Segundo Luís Carvalho, antes da pandemia, a expectativa era de que o comércio online representasse 25% do negócio, mas agora a expectativa é de que passe a representar 30%. Os restantes 70% ainda serão feitos nas lojas físicas, “que não vão a lado nenhum”, apenas terão de mudar.
- Os maiores impactos do covid-19 e deste crescimento do comércio online deram-se nas empresas e na forma como elas se adaptaram e estão à adaptar a uma transformação digital que é agora mais rápida e acontece num contexto de crise sanitária. A isto acrescem as mudanças dos hábitos de consumo, outra alteração com as quais os retalhistas também estão a lidar.
Fragilidades
- As empresas tiveram de se adaptar ao aumento do comércio online, tanto as que já o praticavam como as que ainda não tinham qualquer experiência nessa área. E, por isso, tiveram de reaprender ou aprender a gerir de forma diferente as suas cadeias de abastecimento e as entregas das encomendas.
- Esta situação mostrou fragilidades e aumentou custos. O comércio online é muito mais desgastante do ponto de vista dos recursos”, diz Luís Roque.
Segurança e saúde primeiro
- Antes de lidarem com os custos inerentes da acelerada transformação digital, as empresas tiveram de lidar primeiro com a crise sanitária e com a protecção dos seus empregados e dos consumidores.
- “Agora é que as empresas estão a começar a pensar no negócio e há dinheiro que não vão recuperar tão depressa”, diz Jill Standish.
Inovação
- Lidar com todas estas variantes - a pandemia, os novos hábitos de consumo, o maior recurso ao online, o aumento dos custos ou as fragilidades nas cadeias de abastecimento e nos transportes - pode ser ultrapassada com recurso a tecnologia.
- Liliana Ferreira diz que é preciso perceber o que este novo consumidor quer e que existem vantagens em analisar rapidamente estes cenários, o que pode ser feito com recurso à análise de dados, uma área na qual Portugal está bem preparado. “A maior parte das startups portuguesas que vingaram estão muito ligadas à análise de dados”, diz Manuela Vaz.