Economia

Comércio online pode representar 30% do negócio mas “as lojas físicas não vão a lado nenhum”

Projetos Expresso. O aumento do comércio online, a transição para o digital e a adaptação das empresas de retalho a esta nova realidade foram os principais temas da primeira parte do CEO Retail Forum, um encontro organizado pelo Expresso e SIC Notícias e pela consultora Accenture

Depois da conferência online do CEO Retail Forum, seguiu-se a gravação de um programa na SIC Notícias moderado por Patrícia Carvalho, que em breve será exibido, e com outros protagonistas do sector: Pedro Cid, CEO da Auchan; Nuno Luz, diretor-geral da FNAC; Helen Duphorn, country retail manager do IKEA Portugal; e Ana Paula Rafael, da Dielmar, que participou via Skype. Saiba as conclusões do debate na próxima edição impressa do Expresso
Jose Fernandes

A pandemia de covid-19 veio acelerar o processo de transformação digital que o sector do retalho já estava a viver. Os hábitos dos consumidores mudaram; as lojas físicas não vão desaparecer, mas terão de se adaptar; e as empresas terão de repensar custos e cadeias de abastecimento, sem esquecer o mais importante: os trabalhadores e os clientes.

Foram estes desafios e prioridades que estiveram a debate esta tarde, em direto no Facebook da SIC Notícias, integradono CEO Retail Forum, um encontro moderado pela jornalista Patrícia Carvalho e que contou a participação de Jill Standish, a responsável pela área de retalho da Accenture; Manuela Vaz, vice-presidente da Accenture em Portugal; Liliana Ferreira, presidente executiva da Fraunhofer Portugal; Luís Carvalho, vice presidente da área de arquitectura de sistemas da Farfetch e Luís Roque, CEO da startup Huub. Estas são as principais conclusões do encontro.

A conferência decorreu online no Facebbok da SIC Notícias e contou com a moderação da jornalista Patrícia Carvalho (em cima) e com a participação de Manuela Vaz, vice-presidente da Accenture em Portugal; Liliana Ferreira, presidente executiva da Fraunhofer Portugal; Luís Roque, CEO da startup Huub e Luís Carvalho, vice presidente da área de arquitectura de sistemas da Farfetch

O impacto do covid-19

  • O comércio online já estava a crescer, mas com o encerramento das lojas, cresceu ainda mais. Contudo, não foi um aumento avassalador. Segundo Luís Carvalho, antes da pandemia, a expectativa era de que o comércio online representasse 25% do negócio, mas agora a expectativa é de que passe a representar 30%. Os restantes 70% ainda serão feitos nas lojas físicas, “que não vão a lado nenhum”, apenas terão de mudar.
  • Os maiores impactos do covid-19 e deste crescimento do comércio online deram-se nas empresas e na forma como elas se adaptaram e estão à adaptar a uma transformação digital que é agora mais rápida e acontece num contexto de crise sanitária. A isto acrescem as mudanças dos hábitos de consumo, outra alteração com as quais os retalhistas também estão a lidar.

Fragilidades

  • As empresas tiveram de se adaptar ao aumento do comércio online, tanto as que já o praticavam como as que ainda não tinham qualquer experiência nessa área. E, por isso, tiveram de reaprender ou aprender a gerir de forma diferente as suas cadeias de abastecimento e as entregas das encomendas.
  • Esta situação mostrou fragilidades e aumentou custos. O comércio online é muito mais desgastante do ponto de vista dos recursos”, diz Luís Roque.

Segurança e saúde primeiro

  • Antes de lidarem com os custos inerentes da acelerada transformação digital, as empresas tiveram de lidar primeiro com a crise sanitária e com a protecção dos seus empregados e dos consumidores.
  • “Agora é que as empresas estão a começar a pensar no negócio e há dinheiro que não vão recuperar tão depressa”, diz Jill Standish.

Inovação

  • Lidar com todas estas variantes - a pandemia, os novos hábitos de consumo, o maior recurso ao online, o aumento dos custos ou as fragilidades nas cadeias de abastecimento e nos transportes - pode ser ultrapassada com recurso a tecnologia.
  • Liliana Ferreira diz que é preciso perceber o que este novo consumidor quer e que existem vantagens em analisar rapidamente estes cenários, o que pode ser feito com recurso à análise de dados, uma área na qual Portugal está bem preparado. “A maior parte das startups portuguesas que vingaram estão muito ligadas à análise de dados”, diz Manuela Vaz.