Economia

Covid-19. Global Media coloca 538 trabalhadores em lay-off

Proprietária do Jornal de Notícias, Diário de Notícias, TSF e O Jogo comunicou esta segunda-feira aos trabalhadores as medidas de redução de custos motivadas pela pandemia de Covid-19

A sede do grupo Global Media, em Lisboa
ALBERTO FRIAS

O grupo Global Media colocou 538 trabalhadores - dos cerca de 700 que emprega - em regime de lay-off (suspensão temporária de atividade ou redução de horário).

Entre esses 538 trabalhadores, 354 terão uma redução média do horário de trabalho de 26,1% (a que corresponde idêntica redução salarial) e 84 terão suspensão de contrato de trabalho, no que se refere às publicações do grupo. A estes há a juntar os trabalhadores da rádio (grupo TSF) em que 96 pessoas terão uma redução média do horário de trabalho de 24,4% e 4 terão suspensão.

Num comunicado interno a que o Expresso teve acesso, intitulado "defender as marcas e salvaguardar a relação com leitores e ouvintes", a administração diz que "o Global Media Group decidiu acionar os mecanismos legais do chamado lay-off, devidamente ajustado a cada empresa, marca e área de produção ou serviços, com diferentes níveis de redução de horários, mas afetando todos, mas mesmo todos - da base até ao topo do Grupo".

Acrescenta que "apesar de dura e difícil, trata-se da medida de apoio imediato e de caráter parcial, extraordinário, temporário e transitório, que melhor permite defender a sustentabilidade das nossas empresas, os seus quase 700 postos de trabalho diretos e, muito especialmente, a continuidade da relação de confiança dos leitores e ouvintes com as nossas marcas de informação - com independência, rigor e pluralismo, as pedras basilares que norteiam este Grupo".

A administração justifica a medida com o facto de o surto pandémico do Covid-19 estar a "afetar de forma decisiva toda a cadeia de valor do mercado dos Media, imediatamente visível na drástica redução das receitas, provocada por uma massiva redução do investimento publicitário e por uma violenta quebra das vendas de jornais e revistas, face ao confinamento generalizado da população".

"Estas dificuldades, a que acresce a tardia concretização das anunciadas medidas de apoio do Estado ao setor, e cujo critério de repartição ainda nem sequer foi concertado com os parceiros da indústria, comprometem o natural desenvolvimento da nossa atividade comercial, provocando um conjunto de dificuldades financeiras e de tesouraria", lê-se no comunicado.

A Global Media refere ainda que "a presente crise sanitária e as consequências resultantes das medidas de contenção e confinamento lançadas no âmbito da declaração do estado de emergência precipitaram os meios de comunicação social numa crise sem precedentes que põe em risco a sobrevivência do setor da economia que dá corpo ao princípio constitucional que enforma as liberdades de informação e expressão".

"Não nos iludamos: Sem este sector a funcionar em condições mínimas de sustentabilidade, restar-nos-ia a barbárie das notícias falsas que proliferam como virose pelas redes sociais", acrescenta.