Os estivadores ligados à empresa de trabalho portuário A-ETPL, declarada insolvente, “foram impedidos pelos patrões de entrar no Porto de Lisboa apesar da requisição civil decretada pelo Governo”, afirma António Mariano, presidente do Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística (SEAL).
“Há aqui uma situação de lock out no Porto de Lisboa e isso impede que os serviços mínimos sejam cumpridos, comprometendo cargas e descargas de navios para as regiões autónomas dos Açores e Madeira”, diz António Mariano ao Expresso.
“Desde o início da greve que o sindicato escala todos os trabalhadores para os serviços mínimos para os quais são requisitados, mas desde terça-feira que assistimos a esta situação e, se os trabalhadores da A-ETPL não entram as equipas ficam incompletas e não podem trabalhar. É que metade dos estivadores são da A-ETPL”, acrescenta.
Refere, ainda, que atendendo ao quadro atual, hoje houve uma troca entre equipas para garantir a saída de contentores frigoríficos que tinham sido descarregados e estavam parqueados no Porto, mas os navios Corvo e Furnas, para os Açores estão no terminal e não podem sair.
O presidente do SEAL garante que a resposta do Governo face à greve, pela via da requisição civil, “não foi exatamente uma surpresa porque também faz parte da encenação criada pelas empresas que pretendem levar à insolvência da A-ETPL e abriram companhias paralelas ao lado”
Sobre a situação vivida no Porto de Lisboa, onde os estivadores começaram uma greve por turnos, em fevereiro, que se tornou uma greve total em março e já foi prolongada até abril o SEAL diz que o quadro de contestação mantém-se inalterado, o que significa, na prática, que se mantêm atrasos nos pagamentos dos salários, incumprimento do acordo de 2018 e a insolvência da A-ETPL, Associação-Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa.