Se a economia da zona euro revelar sinais de que vai crescer menos de 1,3% em 2019, se os riscos para uma desaceleração mais severa se acentuarem, em particular na primeira parte do ano, pode ser necessária “uma resposta orçamental sincronizada, ainda que adequadamente diferenciada entre os países membros [do euro]”, salientou esta terça-feira Gita Gopinath, a economista-chefe do Fundo Monetário Internacional.
A economista, de 47 anos, referiu essa necessidade no decurso da conferência de imprensa em que apresentou o World Economic Outlook, o relatório de previsões e de recomendações de políticas que o Fundo publica duas vezes por ano, aquando das suas reuniões em abril e outubro.
No quadro de “um cenário de abrandamento severo, as ferramentas de política monetária disponíveis [no Banco Central Europeu] podem ser complementadas com estímulos orçamentais por parte dos países que dispõem de espaço orçamental e de condições financeiras”, sublinhou a economista indiana, nascida em Calcutá, que substituiu no início deste ano Maurice Obstfeld como economista-chefe do Fundo.
O papel mais proativo deveria caber ao 'motor' da economia do euro. A recomendação é dirigida principalmente à Alemanha, como destaca o relatório: “Na Alemanha, onde o crescimento tem estado a abrandar, o espaço orçamental disponível pode ser usado para aumentar o investimento em capital físico e humano ou para reduzir a carga de impostos sobre o trabalho, medidas que impulsionariam o produto potencial e ajudariam a equilibrar a balança externa”.
A principal economia do euro registou uma contração no terceiro trimestre do ano passado e estagnou no final do ano. Os primeiros dados para o início do ano continuam a ser preocupantes e o FMI aponta para uma desaceleração da economia de 1,5% em 2018 para 0,8% este ano, um ritmo abaixo do japonês. Em contrapartida, o governo conseguiu em 2018 um excedente orçamental recorde de €59,2 mil milhões, ou seja, 1,7% do PIB, e a economia registou no ano passado um excedente na conta externa de 7,4% do PIB, claramente acima do limite máximo de 6% indicado pelas regras europeias. O país tem registado este excedente excessivo desde 2011, com um pico de 8,9% em 2015.