As taxas de juro (yields) a 10 anos das Obrigações do Tesouro português no mercado secundário da dívida soberana registaram esta terça-feira novo mínimo histórico ao descerem para 1,202% na véspera da reunião do Banco Central Europeu (BCE).
Este mínimo ocorre também no dia anterior ao Tesouro português regressar ao mercado de emissão de dívida com um leilão duplo de duas linhas obrigacionistas a vencer em 2029 e 2037.
Se as taxas no mercado secundário forem consideradas como indicativas, Portugal poderá no leilão a 10 anos de amanhã fixar novo mínimo histórico na taxa de remuneração aos investidores. No mais recente leilão a 10 anos, o Estado pagou 1,298%, então a taxa mais baixa de sempre neste tipo de operações.
Na linha que vence em 2037, o último leilão realizou-se em setembro de 2016 e então o Tesouro pagou 4,04%. No mercado secundário, a taxa para esta linha desceu esta terça-feira para 1,951%.
As taxas a 10 anos, que servem de referência, têm estado numa trajetória de descida acentuada desde final do ano passado, quando fecharam acima de 1,7%.
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) está a aproveitar a janela de oportunidade da descida dos juros em prazos mais largos para colocar dívida de longo prazo pagando juros historicamente em mínimos.
Mário Centeno já manifestou a intenção de Portugal, oportunamente, ainda este ano, iniciar o pagamento antecipado de alguma tranche do empréstimo do FEEF (fundo europeu agora gerido pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade), depois de ter concluído o pagamento do empréstimo do Fundo Monetário Internacional no ano passado.
O BCE reúne-se na quarta-feira para analisar e decidir sobre a política monetária, depois de, na última reunião, em março, ter decidido comunicar que não mexe nas taxas diretoras pelo menos até final do ano, adiando, assim, para 2020, qualquer decisão no sentido de um eventual aperto da política monetária.
As previsões do Fundo Monetário Internacional, divulgadas esta terça-feira, acentuam a trajetória de abrandamento da economia da zona euro em 2019 e a necessidade de políticas monetária e orçamental de resposta a essa desaceleração.