Economia

Centeno: “Precisamos de saber” qual a origem dos créditos do BES

Não é no período após a resolução do BES, em 2014, que há dúvidas para Mário Centeno; é no período anterior, da concessão de crédito. Por isso, a auditoria que o Ministério das Finanças pediu ao Novo Banco não vai chegar aos últimos cinco anos, como chegou a elogiar Marcelo Rebelo de Sousa

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

O Ministério das Finanças pediu uma auditoria à concessão de créditos do antigo Banco Espírito Santo, agora Novo Banco, porque “há responsabilidade” a apurar.

“A auditoria, digamos assim, pode ser definida como uma auditoria semelhante à que foi feita à Caixa Geral de Depósitos. Precisamos de saber qual foi a forma de originar aqueles créditos, porque há responsabilidades”, afirmou Mário Centeno, na entrevista que concedeu à RTP3 esta quarta-feira, 6 de março.

A auditoria à CGD debruçou-se sobre os atos de gestão praticados no banco público entre 2000 e 2015, sendo que olhou para a concessão de créditos, para a gestão de participações e para as opções estratégicas de negócio. Ficou a cargo da EY. No caso do Novo Banco, não se conhece ainda qual o período temporal, sabendo-se apenas que abrangerá o período anterior a 2014, ou seja, à resolução aplicada pelo Banco de Portugal – contrariando aquilo que Marcelo Rebelo de Sousa disse ser importante. Também se desconhece qual a entidade que ficará responsável por este trabalho.

Para Mário Centeno, a atual gestão do banco “está auditada, é supervisionada”. Não é aí que surgem as dúvidas, declarou o ministro. Até porque os valores pedidos ao Fundo de Resolução (792 milhões de euros, em 2018, e 1.149 milhões, este ano, por conta dos exercícios anteriores) foram – ou são – números que têm de ser validados por uma comissão interna dentro do Novo Banco e uma entidade externa, a Oliver Wyman.

“Pode ser sempre pedida outra [auditoria]. Não foi aquela que [pedimos na sexta-feira]", disse Mário Centeno.

Foi na sequência de uma nova convocatória ao Fundo de Resolução (que precisa de empréstimos do Estado para satisfazer a chamada), que o ministro das Finanças anunciou que deveria ser feita uma auditoria à concessão de créditos cobertos pelo mecanismo que aciona os pedidos ao Fundo de Resolução, ou seja, ao período pré-resolução. O Presidente da República concordou com essa realização, mas referiu que era importante perceber o que se passou no pós-resolução. O que levou o primeiro-ministro a dizer esta quarta-feira que, para isso, era mais adequado promover uma comissão parlamentar de inquérito.