"O que é um watt"? "Qual a diferença entre energia e potência"? E entre um “megawatt (MWh) térmico e elétrico"? As perguntas foram lançadas pelo PSD a Carlos Pereira, o nome que o Governo indiciou para vogal da Entidade Reguladora do Setor Energético (ERSE), que está a ser contestado pela falta de perfil para o lugar e por indiciar uma partidarização do cargo. As perguntas ficariam contudo sem resposta porque o PS protestou e o próprio Carlos Pereira as considerou pouco sérias e fora do propósito do encontro.
Foi durante a comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas, para a qual foi marcada uma audição a Carlos Pereira, que o deputado social-democrata Emídio Guerreiro perguntou ao escolhido "o que é um watt", "qual a diferença entre energia e potência" e entre "MWh térmico e elétrico".
A pergunta, técnica, pretendia expor a alegada falta de experiência de Carlos Pereira para o cargo para o qual foi nomeado pelo Governo. Mas a resposta não chegaria a ser ouvida. O grupo parlamentar do PS reagiu em defesa de Carlos Pereira, dizendo que o PSD estava a inaugurar um estilo inédito. Luís Moreira Testa, deputado do PS, argumentou que "nunca tinha visto qualquer grupo parlamentar colocar questões do género a indigitados". Por exemplo, nunca foi perguntado a escolhidos para a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) "qual a diferença entre byte e terabyte", diz Luis Testa.
Já o deputado socialista respondeu às questões técnicas de Emídio Guerreiro indicando que "a matéria que o senhor deputado questionou desvia-se" do propósito do encontro, que visa "clarificar" o processo de indigitação.
"Iniciei a minha intervenção com total seriedade, com um enorme sentido de responsabilidade e com enorme expectativa sobre as questões", referiu Carlos Pereira, concluindo que "a função de um administrador de uma entidade reguladora é poder fazer uma avaliação do mercado".
Nessa intervenção inicial, o indigitado disse ser um "profissional que tem experiência em várias áreas e em diferentes contextos", nomeadamente no setor privado e no setor público, devido às funções de vereador e, mais recentemente, de deputado.
"Não tenho vergonha da minha experiência política", adiantou, reagindo às recentes críticas de partidos da oposição sobre se tal percurso ligado ao PS poderá pôr em causa a sua independência na ERSE.
Candidato garante que não cederá a pressões do Governo
Durante a sua audição, Carlos Pereira garantiu que não será "influenciado por opiniões ou indicações" do executivo, rejeitando as críticas de falta de isenção.
"Não sou alguém que possa ser influenciado por opiniões ou indicações da tutela", disse Carlos Pereira, em audição na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas.
Ainda assim, o responsável assegurou que, se for eleito para vogal da ERSE, irá cumprir "as orientações do Governo que são traduzidas em lei".
Já respondendo às posições que colocam em causa a sua independência e isenção no regulador energético, dado a atividade política, Carlos Pereira indicou: "Não está escrito na lei que haja alguma incompatibilidade por ser deputado".