Ao mesmo tempo que as ligações familiares podem ser uma das grandes forças motrizes de uma empresa de sucesso, misturar assuntos pessoais com profissionais é muitas vezes a razão para o seu fim. No saber separar, bem como na aposta na profissionalização e inovação, foram alguns dos conselhos mais repetidos ao longo do quarto "Encontro Fora da Caixa."
Subordinado ao tema "A indústria 4.0 na dinâmica das empresas familiares", a conferência organizada pela Caixa Geral de Depósitos (à qual o Expresso se associa) no Auditório VITA, em Braga, juntou muitos empresários da região e académicos para perceber em que ponto estamos e o que está a ser feito pelos principais atores. Um processo que teve o seu pontapé de saída em Portugal há uns anos, como recordou o economista José Manuel Félix Ribeiro, quando começamos a colocar a questão "que ativos precisamos para crescer?"
Na opinião da investigadora da Universidade do Minho, Ana Paula Marques, estamos perante algo "transformacional" que vai afetar "as estruturas profissionais" e obrigar a atacar, de forma redobrada, problemas que ainda subsistem como a "retenção de talento." A resposta passará por uma maior profissionalização neste seio, onde o foco para atrair mais deve ser "a competência e o conhecimento", quer seja "familiar ou não", atirou José Teixeira, administrador do grupo DST.
Com mais ou menos família, estas empresas são "componente essencial na nossa economia", como lembrou o ex-ministro e comentador Luís Marques Mendes em conversa com o diretor do jornal Público, David Diniz. Por isso os "cuidados na gestão" são do interesse de todos. De facto, o professor Rafael de Lecea da AESE Business School quase que resume todo este jogo numa só palavra: "Estrutura."
Atingido esse equilíbrio, importante é encarar a Indústria 4.0 "não como uma ameaça mas sim um desafio", atirou José Miguel Coelho Lima, administrador do Grupo Lameirinho. Sobretudo quando o "crescimento do investimento ainda é pouco expressivo", como mostrou o presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo. Um caminho a trilhar, para bem de empresas e famílias.