ARQUIVO Katrina 2005/2010

Os números da tragédia do Katrina

Cinco anos depois, as marcas do furacão Katrina perduram. Em Nova Orleães, os sem-abrigo duplicaram e a população diminuiu em cerca de 100 mil habitantes. Clique para aceder ao índice do dossiê Katrina 2005/2010

Ricardo Lourenço, correspondente nos EUA (www.expresso.pt)

Amanhã faz cinco anos que o furacão Katrina assolou o sul dos Estados Unidos, provocando mais de 1800 mortos, um milhão e meio de refugiados e 81 mil milhões de dólares em prejuízos materiais. O Expresso, depois de nos últimos dias ter ouvido algumas das vítimas do desastre, bem como alguns daqueles que contribuem para a reconstrução da área afectada, apresenta hoje uma série de dados estatísticos que ajudam a perceber a dimensão da maior catástrofe natural na história dos EUA. 

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Apenas 2% dos habitantes de Nova Orleães está preocupado com a protecção da cidade contra os furacões que todos os anos irrompem pelo Golfo do México.

Hoje, cinco anos depois da passagem do furacão Katrina, eles pouco se interessam com o andamento das obras no sistema de diques em redor da cidade, que supostamente a partir do ano que vem a tornará à prova de qualquer tempestade (projecto que custou mais de 15 mil milhões de dólares).

Crime e desemprego são os grandes problemas para a sociedade do Louisiana. À primeira vista podia pensar-se que as marcas do Katrina já estariam apagadas. Mas não.

Nova Orleães tem hoje menos cem mil habitantes do que tinha no período pré-Katrina - baixou de 450 mil para 350 mil. Fora da cidade, as roulotes que têm servido de albergue às vítimas do desastre ainda polvilham a paisagem, calculando-se que existam 860 famílias a viver nelas. Seis mil famílias vivem ainda hoje em casas degradadas.

Um longo caminho percorrido

Mas a cidade tem renascido aos poucos. Em finais de 2005 existiam 200 mil habitações por recuperar. Hoje, "apenas existem cinco mil", garante Arnie Fielkow, presidente do "City Council" de Nova Orleães - amanhã o Expresso publica uma entrevista com o autarca.

Don Harris, um voluntário que desde 2007 já visitou a região 13 vezes, sempre com o "objectivo de ajudar", também diz que as coisas melhoraram muito. "Até a cara das pessoas é outra, já se sente entusiasmo. Inclusivamente, existem mais restaurantes e hotéis do que no período antes do Katrina", afirma.

Apesar das boas notícias, as consequências da tragédia perduram. Por exemplo, o número de indivíduos 'sem-abrigo' na cidade dobrou, de 6 mil para 12 mil.