Na sexta-feira Rangum amanheceu com as ruas novamente invadidas por soldados e tropas especiais. Desta vez, contudo, o motivo não foram novos confrontos, mas apenas a prevenção de eventuais manifestações.
Com a Quaresma budista a terminar, o governo birmanês preferiu prevenir e destacou centenas de soldados para os pagodes de Shwedagon e Sule, dois dos principais locais da concentração dos protestantes no passado mês de Setembro.
Embora os dispositivos de segurança incluíssem um largo contingente de homens armados e muitos locais estivessem vedados por arame farpado, não se registou qualquer foco de conflito, independentemente dos milhares de peregrinos que estão na cidade.
Birmaneses optimistas
Outra das razões por detrás desta medida de segurança poderá ter sido a recente reunião da líder da oposição, Aung San Suu Kyi, com o mediador da junta militar, o que poderia levar a novos protestos.
Da histórica reunião, embora nada se saiba, já houve várias vozes que viram o encontro como o primeiro passo para "o começo do processo de reconciliação". Foi o que sublinhou Nyan Win, porta-voz do partido Liga Nacional para a Democracia (LND).
"Estamos todos muito entusiasmados com estas novidades, espero que seja o início de uma viragem", confidenciou à agência Reuters o proprietário de uma casa de chá em Rangum.
ONU quer mais
Ibrahim Gambari, o enviado especial da ONU, em viagem diplomática pelo extremo oriente, precisamente para reunir consenso em redor da questão birmanesa é mais pragmático.
Ciente que a reunião entre oposição e governo, à luz do que já aconteceu, poderá não trazer quaisquer resultados práticos, sublinhou que "esta é apenas a primeira fase" e reforçou que a junta militar e Aung San Suu Kyi têm de aprofundar o diálogo.
"Isto deverá permitir a retomada, o mais rápido possível, do diálogo que poderá levar a resultados muito concretos e tangíveis", sublinhou o diplomata a uma semana do seu regresso à Birmânia.