ARQUIVO A revolta dos monges

Paciência da comunidade internacional está a "esgotar-se rapidamente"

A falta de evolução nas conversações entre o governo birmanês e a oposição está a irritar as Nações Unidas.

Pedro Chaveca

Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, deixou um alerta à junta militar que governa a Birmânia para que reate o diálogo com a oposição política urgentemente, até porque como sublinhou o diplomata "a nossa paciência está a esgotar-se rapidamente".

Este momento mais acesso da parte do sempre sereno Ki-moon veio na sequência da evidente estagnação a que o diálogo da junta militar birmanesa com a oposição politica chegou. O Coreano avisou que um regresso à situação que existia antes das manifestações do final de Setembro "será inaceitável e politicamente insustentável", referiu após uma reunião com o primeiro-ministro tailandês.

Depois de sucessivas visitas do enviado especial da ONU, Ibrahim Gambari, os generais que lideram o país prometeram iniciar o diálogo com os vários partidos da oposição, o que não veio a acontecer.

Sem futuras visitas programadas

O plano da ONU era fazer com que a democracia regressasse ao país e, se os generais, num primeiro momento, concordaram em dialogar com Aung San Suu Kyi, líder da oposição detida em prisão domiciliária há mais de uma década, depressa se percebeu que tudo não passou de uma manobra de diversão para enganar a comunidade internacional e as Nações Unidas.

Ki-moon, consciente que a situação não irá melhorar lançou um derradeiro apelo em jeito de ultimato: "Incito os lideres birmaneses a tomarem medidas reais para a democratização do país e a fazerem o que está ao seu alcance para que os direitos humanos sejam protegidos", Ban Ki-moon refere ainda a importância da inclusão de "Aung San Suu Kyi no processo de diálogo com os líderes birmaneses".

Embora a irritação da ONU seja evidente, Ki-moon não avançou quais as medidas que a comunidade internacional irá impor caso  a junta militar não avance com nenhuma reforma democrática.

Contudo, sabe-se que de momento não está prevista, nem foi confirmada, mais nenhuma vista de diplomatas das Nações Unidas à Birmânia.