O relator especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos na Birmânia, Paulo Sérgio Pinheiro, obteve autorização da Junta Militar para visitar aquele país ainda este mês. Desde 2003 que este brasileiro não conseguia autorização para entrar na Birmânia.
Paulo Sérgio Pinheiro vê a decisão como um "sinal positivo das autoridades de cooperar com o Conselho de Direitos Humanos", revela um comunicado do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU, divulgado esta terça-feira.
'Banho de sangue'
Em Setembro, e em entrevista à BBC, Paulo Sérgio Pinheiro admitiu temer um 'banho de sangue' na Birmânia, caso a comunidade internacional não actuasse "de forma coordenada e eficiente", com o apoio do Conselho de Segurança da ONU, para tentar o diálogo com as autoridades locais.
Em Agosto, este país foi palco de várias manifestações, lideradas por monges budistas, em defesa da democracia. Os protestos começaram quando o Governo anunciou o aumento do preço dos combustíveis. Na sequência da repressão - que não impediu que os manifestantes voltassem às ruas -, centenas de pessoas foram presas, incluindo vários monges. A informação oficial é que dez pessoas morreram nos confrontos entre a tropa e os manifestantes, mas fontes diplomáticas acreditam que este número está aquém da realidade