A líder da oposição Aung San Suu Kyi, a viver em prisão domiciliária há 12 anos, deixou hoje a sua casa para se encontrar com Aung Kyi, ministro do trabalho e general aposentado que servirá como mediador entre a contestatária e a junta militar que governa o país.
Segundo a estação BBC o governo birmanês terá cedido à pressão feita pela comunidade internacional que desde o final de Setembro tinha vindo a forçar a junta militar para iniciar conversações com a oposição.
Embora não sejam conhecidos os temas a serem abordados neste encontro histórico, sabe-se que o general aposentado e membro da junta militar foi nomeado pelo governo birmanês no passado dia oito de Outubro, para servir de mediador entre a líder do partido Liga Nacional para a Democracia (LND) e os senhores da Birmânia.
Junta militar quer "suavizar" relações
A junta militar acredita que com este encontro possam ser "suavizadas" as relações com os activistas da oposição e para isso recorreu a um dos seus membros mais bem vistos internacionalmente. A diplomacia estrangeira vê Aung Kyi como uma pessoa acessível e bastante mais razoável do que os outros membros do governo.
O militar na reforma está também habituado a desafios difíceis, como ministro do trabalho tem de lidar com as acusações da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que aponta o dedo constantemente à Birmânia por recorrer ao trabalho forçado.
A escassas semanas do regresso de Ibrahim Gambari, enviado especial da ONU para a Birmânia, o jornal estatal "Nova Luz de Mianmar" (nome pelo qual a junta militar rebaptizou a Birmânia), avançou que os motivos para este encontro se prenderam essencialmente "com o respeito pelas recomendações de Gambari no sentido de se procurar suavizar as relações" entre a oposição e os militares.