Exclusivo

ARQUIVO Diário

Se o Conselho de Estado falasse - sete memórias históricas

O Conselho de Estado é um órgão de aconselhamento do Presidente da República que já viveu dias épicos. Demitiu Governos de Cavaco e Santana. Deixou Jardim ir à guerra com Sócrates. Obrigou Passos a deixar cair a TSU. E ajudou Marcelo a convencer Draghi a salvar a Caixa Geral de Depósitos. Esta quarta-feira, os conselheiros preparam-se para declarar o estado de emergência. Coisa nunca vista desde 1975

Conselho de Estado em 1987, com Soares como Presidente
Rui Ochoa

Já houve tempos em que os conselheiros assistiram a discussões entre um Presidente da República e um seu antecessor e foi isso que aconteceu em 1987, quando Mário Soares e Ramalho Eanes se embrulharam num aceso confronto verbal â mesa do Conselho de Estado sobre convocar ou não eleições antecipadas. O PRD - que Eanes ajudara a construir a partir de Belém - tinha apresentado uma moção de censura ao Governo minoritário de Cavaco Silva e Mário Soares chamou os conselheiros. Eanes não queria eleições (o PRD valia 18%) mas Soares cheirou a oportunidade de repor o xadrez partidário e contou com o apoio da maioria dos conselheiros. "Um erro político", disse-lhe Eanes, que chegou a ameaçar não cumprir o dever de sigilo. Mas Soares ganhou. Cavaco também: foi a votos e teve a sua primeira maioria absoluta. O PRD mirrou.

No dia em que as Nações Unidas decidiram adiar a votação de uma resolução pela libertação de Timor Leste, Mário Soares reuniu-se em Lisboa com os conselheiros de Estado e com Timor na agenda. Durão Barroso era o ministro dos Negócios Estrangeiros e foi convidado a participar na reunião que, segundo rezam os jornais da época, espelhou dúvidas sobre qual o caminho que a diplomacia portuguesa deveria seguir. Eleições na Indonésia tinham reforçado a ala dura contra os mais moderados no que toca a Timor e a questão que se instalou em Belém foi entre começar a negociar com a Indonésia ou continuar a luta pela independência do território. No final, ninguém falou, mas prevaleceu que o caminho era a luta. Foi dura mas valeu a pena: Timor passou a Estado independente em 2002.

Este é um artigo exclusivo. Se é assinante clique AQUI para continuar a ler. Para aceder a todos os conteúdos exclusivos do site do Expresso também pode usar o código que está na capa da revista E do Expresso.

Caso ainda não seja assinante, veja aqui as opções e os preços. Assim terá acesso a todos os nossos artigos.