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“Em vez de um modelo assente nos lucros devemos ter organizações de media sem fins lucrativos”

Julia Cagé não é apenas a mulher de Thomas Picketty, o mediático economista que escreveu “O Capital no Século XXI”. É também a economista que está a propor uma transformação radical na estrutura dos media – que muitos consideram ingénua e utópica. Em entrevista ao Expresso, sublinha que “é preciso maximizar a qualidade da informação produzida em vez dos dividendos que são distribuídos pelos acionistas”

Julia Cagé
D.R.

Veio a Cascais apresentar o modelo que defende para resolver a crise que os media enfrentam. A economista francesa, professora assistente no Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po) e membro do conselho de administração da agência France Presse, acredita que a solução passa por transformar os órgãos de comunicação social em fundações sem fins lucrativos, nas quais leitores e jornalistas têm um lugar no conselho de administração. Tal como no seu livro “Saving the Media”, apresenta a sua receita para salvar os meios de comunicação social.

Como solução para os media, defende que cada órgão de comunicação social (OCS) se deve transformar numa organização sem fins lucrativos. Quer isso dizer que o lucro não deve ser um dos objetivos das empresas de media?
Eu não digo que as empresas de media não devem ter lucros, o que acho é que estes devem ser reinvestidos nessas empresas. É preciso maximizar a qualidade da informação produzida em vez dos dividendos que são distribuídos pelos acionistas. Se olharmos para a história dos media, e em particular nas décadas de 70, 80 ou 90, vemos a vontade dos acionistas ganharem mais dinheiro com o negócio dos media. Para o conseguirem, por exemplos, cortaram na dimensão das redações, o que diminuiu a qualidade. Por isso defendo que, em vez de termos este modelo assente nos lucros, devemos ter um modelo sem fins lucrativos para os media. As notícias são um bem público e, assim, devemos ter como objetivo a maximização da sua qualidade. A produção de notícias não deve assentar apenas numa lógica de mercado.

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