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O poder das greves dos camionistas (que até já ajudaram a fazer cair governos lá fora)

Entre as formas de protesto público, poucas têm um impacto direto maior do que esta, e consequências potenciais tão profundas, inclusive a nível político

Rio de Janeiro. Camionistas brasileiros bloqueiam a estrada durante protestos em 2018
GETTY IMAGES

A greve dos motoristas de matérias perigosas implica "consequências graves para as empresas e o país", dizem os patrões. Mas isso aconteceria mesmo que a carga fosse outra. Qualquer greve de camionistas tem o potencial de ser altamente disruptiva a todos os níveis, incluindo social e político, como se tem visto repetidamente ao longo das últimas décadas. Basta pensar no que significa ter as maiores vias rodoviárias de um país bloqueadas durante algum tempo, e uma série de abastecimentos essenciais interrompidos.

Em 1972, uma greve de camionistas no Chile durou 26 dias e foi um fator extremamente desestabilizador para o Governo de Salvador Allende. A originalidade dessa greve é que foi estimulada e executada por muitos patrões. Com o Governo americano empenhado em depor o Presidente marxista democraticamente eleito, uma estratégia essencial era criar o caos económico no país ("façam a economia guinchar", terá ordenado o Presidente Nixon à CIA). A greve não fez cair o Governo mas ajudou a abrir caminho ao golpe de Estado do ano seguinte, que levou à morte de Allende e à sua substituição pelo general Pinochet, bem como à tortura e massacre de milhares de opositores.

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