Foi o único torturador da ditadura condenado pela Justiça brasileira. O nome de Carlos Brilhante Ustra (1932-2015), aterrador para uns e deslumbrante para outros, voltou a ganhar palco no dia da votação do impeachment de Dilma Rousseff, quando Jair Bolsonaro honrou “o pavor” da Presidente do Brasil. Ou seja, o torturador. Na última semana, Bolsonaro voltou a referir-se a um dos rostos do lado mais negro da ditadura militar (1964-1985), desta vez como “herói nacional”. Gilberto Natalini, na altura um estudante de Medicina, foi uma das suas vítimas, depois de ser preso com apenas 19 anos. Hoje, com 67 anos, o vereador de São Paulo pelos Verdes não perdeu as cicatrizes na alma.
Que Brasil era aquele nos tempos da ditadura?
A ditadura brasileira durou 21 anos. Foi um golpe militar contra o Governo legitimamente eleito e constitucional de João Goulart. Os militares tomaram o poder e foram gradualmente endurecendo o Governo até que veio o ai-5, o Ato Institucional Número 5, em 1969, que instituiu o regime de terror no Brasil. Os sindicatos sofreram, os centros académicos foram substituídos por órgãos ligados ao Ministério da Educação, os movimentos sociais foram reprimidos, a oposição foi bastante reprimida, perseguida, presa e torturada. Mortos. O regime deixou muitos mortos também. Foi uma época muito difícil. Como sempre fui oposição ao regime militar, montámos um grupo na faculdade para organizar um movimento estudantil para a resistência.
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