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Estado da nação: os números do oásis, os valores do deserto e a esquerda temperada

Demasiados medicamentos para a hiperatividade das crianças. Dívida pública alta. Emigração sem estancar. À direita e no PAN, temos uma visão árida do país. Mas há um retrato verdejante através dos resultados do Governo e das “conquistas” da esquerda. Já Bloco e PCP tanto (auto)elogiam o estado da nação, como apontam o que falta mudar. Cada partido escolheu três números para ilustrar a sua paisagem

Tiago Miranda

Se torturarmos as estatísticas, os números dizem o que quisermos. Neste caso, nem é preciso maltratar a matemática: os partidos escolhem valores para marcarem uma posição política. O Expresso pediu três números a cada partido com assento parlamentar, que ilustrem o Estado da Nação – debatido esta tarde ao longo de 226 minutos no Parlamento. Antes da 'geringonça', estes debates eram feitos de oásis vs desertos. Cada um tinha uma paisagem nos seus olhos, conforme a sua posição política. Agora, nos partidos que estavam fora do 'arco da governação', há uma zona temperada onde estes reclamam a partilha dos louros do Governo: Bloco de Esquerda e PCP escolhem dois aspetos bons e um mau: os positivos são "as conquistas" das negociações com os socialistas e os maus, aquilo que o Governo insiste em fazer contra a sua opinião. Mas vamos aos números. E aos argumentos.

Para os socialistas - embora António Costa vá garantindo que ainda há muito a fazer - a nação é um horizonte verdejante, onde se virou a página desértica da austeridade. No debate do Estado da nação, porém, o primeiro ministro já disse: "Não vivemos num oásis nem num país cor de rosa. Os problemas existem e exigem resposta. As medidas adotadas não prescindem das medidas que temos de adotar", afirmou na sua intervenção inicial. Apesar disso, os números avançados ao Expresso pelo PS são os melhores possíveis.

Foram criados 350 mil novos postos de trabalho, "80% sem termo", responde Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do PS. Melhor ainda, o Governo fez a quadratura do círculo ao conseguir manter as contas certas, atingindo um défice histórico de 02,% do PIB. Se podemos adivinhar aqui um eixo de comunicação para os próximos meses, a socialista avança outro número que servirá de argumento para o PS se defender dos problemas apontados ao Governo na Saúde: 78% do valor do aumento de despesa pública foi em saúde e prestações sociais.

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