Só o medo de uns, a cobiça de outros e a ignorância de muitos permitiu que nos últimos anos Isabel dos Santos passasse a ser tratada como “empresária” em vez de “filha de José Eduardo dos Santos”. Os seus negócios proliferaram sem se saber a origem do dinheiro, o que é uma forma de dizer que todos sabiam de onde vinha o dinheiro: de operações em Angola capturadas pelo nepotismo de uma família de poder e que através do poder se distribuiu pelos postos de influência, de dinheiro e relacionamento com o Estado. A exoneração de Isabel dos Santos da Sonangol é um despejo de um palácio do poder. É um momento histórico.
O novo presidente, João Lourenço, foi apresentado pelo presidente cessante como sucessor, recebendo do seu povo e da comunidade internacional o benefício da dúvida, para não dizer que recebeu apenas a dúvida. Não teria muito tempo para se marcar ou para se demarcar. Ao afastar os membros do clã dos Santos dos lugares-chave que ocupavam na hierarquia angolana, ou é um grande encenador (o benefício da dúvida não cai à primeira, será necessário saber se é irreversível e se deu contrapartidas) ou assume-se como um regenerador.
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