Portugal vai ter quatro hipóteses de chegar ao palmarés principal que o Festival de Locarno anuncia no final da tarde de amanhã, duas por ‘entrada direta’ de filmes portugueses rodados entre nós — “Baan”, de Leonor Teles, e “Manga d’Terra”, de Basil da Cunha —, duas outras via participação em coprodução minoritária de autores estrangeiros — “El Auge del Humano 3”, do argentino Eduardo “Teddy” Williams, e “Essential Truths of the Lake”, do filipino Lav Diaz (que venceu o festival em 2014 com “From What Is Before”). A estatística não é nada má: quatro chances para 17 candidatos. Mesmo acrescentando que, à data em que se escreve este texto, o ‘nosso’ Leopardo é romeno — de tal forma é ousada a proposta de Radu Jude em “Do Not Expect Too Much of the End of the World” —, é necessário falar de uma participação nacional francamente consistente num festival que tem sido a montra do cinema português nos palcos de verão.
Locarno gosta muito do que se faz por cá, mudam as direções artísticas e os comités de seleção mas Portugal está sempre presente. No concurso Leopardos de Amanhã, Catarina Vasconcelos mostrou uma curta excecional, “Nocturno para uma Floresta”. Na mesma secção, Carlos Pereira apresentou “Slimane” (uma curta rodada e produzida na Alemanha), e o estúdio portuense de animação BAP produziu “De Imperio”, realizado pelo italiano Alessandro Novelli. Este destaque português nota-se mais ainda num ano em que Veneza, que teve outrora uma ligação fortíssima ao nosso cinema, desde os tempos de Manoel de Oliveira e César Monteiro, volta a não ter este ano qualquer rasto luso, salvo a presença de João Pedro Rodrigues no júri da secção Giornata degli Autori.