Mário Cesariny “ó meu deus” de Vasconcelos, o poeta de “De Profundis Amamus”, o pintor com as mãos na água e a cabeça no mar, o homem insurrecto que, como uma “máquina de passar vidro colorido”, afrontou uma ditadura puritana, teria completado 100 anos no passado 9 de agosto. Dizemos 100 anos e vem-nos imediatamente à retina o mesmo Cesariny rindo, octogenário, enquanto faz esvoaçar uma excêntrica cabeleira postiça numa praia da sua infância, no documentário “Ama Como a Estrada Começa”, de Diogo Collares Pereira (2002). Se há nomes que nos caem mal, há idades profundamente mentirosas, sobretudo se falamos de alguém que perseguiu sempre a infância plena. Bem mais velho que ele, o país que agora o comemora não parece saber exatamente o que fazer com ele. Não o dá a ler nas escolas, não o edita inteiro, não o leva nem que contrariado ao teatro. Este ano, porém, corre o centenário, palavra que rima com homenagem, e por esse mesmo país multiplicam-se as iniciativas (por exemplo, na Fundação Cupertino de Miranda, em Famalicão; ou na Casa da Liberdade, em Lisboa) que o lembram tanto como artista como poeta.
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