Como brilham as luzes na gótica Sainte-Chapelle de Vincennes. O vermelho ferve numa luz que aquece e protege a capela do dia frio que choveu sobre a pequena cidade orientalmente periférica a Paris. Num contraste perfeito, ao alto no fundo, vê-se, pincelado numa inscrição vitral, o Apocalipse. Segundo a bíblia, o fogo “queimou um terço das árvores, e toda a relva verde”. Mas este brilho que cruza o vermelho e o laranja não é incendiário. É, ao invés, a chama do centro da terra, onde nasce a vida.
É neste paradoxo que a “Árvore da Vida” emerge das suas raízes também carregadas de cor, numa paleta que, além do fogo, varia entre o preto e o dourado. “São as cores essenciais do núcleo da terra”, explica a artista que a semeou. É Joana Vasconcelos, num vestido do mesmo dourado feito à medida, camuflando-se e integrando discretamente a peça como se de parte dela se tratasse – e não é a artista parte da arte que cria?