Exclusivo

Artes Plásticas

A “Árvore da Vida” de Joana Vasconcelos brotou numa pequena cidade periférica de Paris e é regada de luz

Inspirada na “escultura mais linda do mundo” nasce uma outra “belle, trés belle”: É a “Árvore da Vida” de Joana Vasconcelos que, com os seus quase 14 metros de altura e 140 mil folhas bordadas à mão, rouba e devolve o oxigénio da Sainte-Chapelle em Vincennes numa celebração da Temporada Portugal – França. Por lá fica até 3 de setembro, regressando depois a Lisboa. Ainda não se sabe para onde irá, mas há uma certeza: não será para o futuro museu da artista, sobre o qual “ainda não há novidades”

Joana Vasconcelos e a sua "Árvore da Vida" na Sainte-Chapelle em Vincennes, nos arredores de Paris
Edward Berthelot

Como brilham as luzes na gótica Sainte-Chapelle de Vincennes. O vermelho ferve numa luz que aquece e protege a capela do dia frio que choveu sobre a pequena cidade orientalmente periférica a Paris. Num contraste perfeito, ao alto no fundo, vê-se, pincelado numa inscrição vitral, o Apocalipse. Segundo a bíblia, o fogo “queimou um terço das árvores, e toda a relva verde”. Mas este brilho que cruza o vermelho e o laranja não é incendiário. É, ao invés, a chama do centro da terra, onde nasce a vida.

É neste paradoxo que a “Árvore da Vida” emerge das suas raízes também carregadas de cor, numa paleta que, além do fogo, varia entre o preto e o dourado. “São as cores essenciais do núcleo da terra”, explica a artista que a semeou. É Joana Vasconcelos, num vestido do mesmo dourado feito à medida, camuflando-se e integrando discretamente a peça como se de parte dela se tratasse – e não é a artista parte da arte que cria?