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Livros: “Baumgartner”, um Paul Auster maçador. Por Pedro Mexia

“Baumgartner”, a décima ficção de Paul Auster, é um livro breve (poderia sê-lo ainda mais) sobre a velhice como um diálogo com os fantasmas do passado

Neste livro, Paul Auster consegue uma montagem cirúrgica dos saltos temporais

O décimo oitavo livro de ficção de Paul Auster é sobre membros-fantasmas, aquela sensação que alguns amputados têm de que ainda sentem o braço ou a perna: assim está Baumgartner, viúvo, reformado, tentando ocupar a velhice com expectativas, compromissos, decisões.

Depois de dois volumes invulgarmente extensos, um romance duvidoso sobre vidas paralelas, “4 3 2 1” (2017), e um vibrante ensaio biográfico sobre Stephen Crane, “Um Homem em Chamas” (2021), Auster regressa ao formato breve. Sendo que “Baumgartner” é, por outros motivos, demasiado longo, e funcionaria melhor como uma vinheta à John Cheever, até porque se trata, mais do que de uma história, de uma situação: “(…) os vivos e os mortos estão ligados, (…) mas quando o vivo também morre é o fim e a consciência do morto extingue-se para sempre”.