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David Lynch (1946-2025): cinco filmes essenciais para entrar na toca surrealista de um cineasta único

Dono de um estilo singular e crítico daquilo a que chamava uma indústria cinematográfica “obcecada pelo lucro”, David Lynch realizou dez longas-metragens de alto calibre, de “Eraserhead” (em Portugal, “No Céu Tudo é Perfeito”), de 1997, a “Inland Empire”, de 2006. Um dia depois da sua morte, aos 78 anos, selecionamos cinco das suas obras mais marcantes

"Mulholland Drive", de 2001

As elegias fúnebres e os obituários publicados desde ontem à noite, quando foi conhecida a notícia da morte de David Lynch, assinalam de forma unânime “uma grande perda para o cinema.” E devem fazê-lo, que David Lynch tem desde há muito, muito tempo um lugar reservado no panteão dos grandes cineastas do século XX – mas não foi agora, aos 78 anos, que o cinema o perdeu; nem o culpado é o enfisema pulmonar que o matou, causado, muito provavelmente, pelas centenas de milhares de cigarros fumados desde os 8 anos de idade, quando o vício do tabaco começou.

O cinema perdeu David Lynch há duas décadas, quando o norte-americano se incompatibilizou com uma “indústria obcecada pelo lucro e a morte do cinema de vanguarda”. Ou talvez tenha sido ao contrário: “Com o cinema alternativo não há qualquer hipótese em conseguir salas de cinema que mostrem o teu filme. Mesmo que tenha uma grande ideia, o mundo agora é diferente. Infelizmente, as minhas ideias não são propriamente comerciais, e por estes dias é o dinheiro que comanda a vida”, disse em 2013.

É tarefa da mais ingrata índole escolher cinco filmes da carreira de David Lynch, realizador de dez longas de alto calibre, entre 1977 e 2006. Pois vale então um roda bota-fora e o primeiro a ficar de fora é “Inland Empire” (2006), de uma fase tardia da carreira que acentuaria o tal virar de costas a Hollywood.