Exclusivo

Cultura

A luta de Covas do Barroso contra as minas de lítio vai chegar a Cannes com o novo trabalho de Paulo Carneiro, um western e filme de combate

A terceira longa-metragem de Paulo Carneiro foi selecionada pela Quinzena dos Cineastas e será apresentada na mesma secção das curtas “O Jardim em Movimento”, de Inês Lima e “Quando a Terra Foge”, de Frederico Lobo. Depois do anúncio de “Grand Tour”, de Miguel Gomes, no concurso principal, tornam a chegar excelentes notícias de Cannes para o cinema português

Paulo Carneiro, o realizador de "A Savana e a Montanha", filme anunciado esta terça-feira na Quinzena dos Cineastas de Cannes

Em 2017, os habitantes de Covas do Barroso, aldeia transmontana do município de Boticas, distrito de Vila Real, foram confrontados com o plano de construção nas suas terras de uma das maiores minas de lítio a céu aberto da Europa. A indignação popular e a revolta em manifestações de rua contra as intenções da empresa britânica Savannah Resources começaram desde aí e progrediram nos anos da pandemia, evoluindo até à data de hoje.

Paulo Carneiro conhece a região como a palma das mãos. O pai é transmontano, de Bostofrio, aldeia vizinha (ali rodou Paulo a sua primeira longa, "Bostofrio, où le ciel rejoint la terre”). Pela sua proximidade geográfica e afetiva à região, o autor de "Via Norte" (segunda longa, estreada este janeiro) interessou-se imediatamente pelo que se estava a passar em Covas do Barroso e começou a filmar a aldeia em 2020, por sugestão das gentes da terra.