Wladimir Kaminer, nascido em Moscovo, em 1967, emigrou para Berlim após a queda do Muro, aproveitando uma norma que dava essa possibilidade aos russos de origem judaica. Em Berlim tornou-se uma figura da vida noturna - as suas sessões de Russendisko eram de culto, não só para exilados - e iniciou uma carreira literária em língua alemã. O seu último livro, “Pequeno Almoço à Beira do Apocalipse” saiu recentemente em Portugal, editado pela Zigurate. Antes de, nos dias 9 e 10 de abril, estar presente em Lisboa para duas conversas na Escola Alemã e no Goethe-Institut, respondeu a algumas perguntas que o Expresso lhe enviou por escrito. As respostas foram traduzidas do alemão por Mário Prado Coelho.
No seu primeiro livro, “Russendisko”, parecia haver um sentido de otimismo, de que as coisas poderiam ficar melhor. Em “Pequeno Almoço à Beira do Apocalipse”, não. Aproximamo-nos do apocalipse?
Acho que nós, humanos, temos uma enorme capacidade de adaptação. Já passámos por vários apocalipses e também vamos sobreviver a este. É claro que muita gente terá de sair das suas casas, outros ficarão na pobreza e outros ainda morrerão. Apesar de tudo isto, escrevo porque não podemos perder o sentido de humor. Na verdade, até considero o meu livro otimista.