Vai ser anunciada em breve a cerimónia de assinatura do memorando que faz regressar a Portugal a pintura “Descida da Cruz” de Domingos António Sequeira. A mesma foi adquirida por uma entidade privada portuguesa no domingo passado em Maastricht depois de a proposta do Estado português, representado pela Museus e Monumentos de Portugal, ter sido recusada pela Galeria Colnaghi, representante do seu proprietário, Alexandre Holstein, descendente do 1º Duque de Palmela. Ao Expresso, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, sublinhou que “o Estado não pode alimentar processos especulativos” pelo que foi criada a Comissão para a Aquisição de Obras de Arte que tem “a competência de sinalizar o interesse do Estado por obras de arte e qual o valor das suas propostas”. A obra já estará presente nessa cerimónia.
Segundo comunicado da própria Museus e Monumentos de Portugal, divulgado esta terça-feira, a proposta do Estado chegou a 850 mil euros mas foi insuficiente para a aquisição da pintura. Relembre-se que a saída do país do quadro "Descida da Cruz", pintado em Roma por Domingos António Sequeira por volta de 1827, está envolta em polémica desde o início do ano quando o Expresso noticiou que a então Direção-Geral do Património Cultural decidiu autorizar a sua saída do país, contrariando pareceres de especialistas, entre os quais Joaquim Caetano, diretor do Museu Nacional de Arte Antiga.
Além de “Descida da Cruz”, fazem parte desta série as pinturas “Adoração dos Magos”, adquirida para o Museu Nacional de Arte Antiga por 600 mil euros em 2016, “Ascensão” e “Juízo Final”. Nenhuma delas estará já classificada como bem de interesse nacional. O comunicado da Museus e Monumentos de Portugal não refere qualquer diligência quanto às outras duas pinturas, também elas na posse de descendentes do Duque de Palmela.
Por ora está ainda por conhecer qual a entidade que adquiriu a obra, qual o valor dispendido e qual o museu onde ficará em exposição. Essa informação será divulgada em grande medida na próxima semana embora o Expresso já saiba que o Museu Nacional de Arte Antiga ainda não terá sido envolvido nestas negociações. Porém, é certo, segundo apurámos, que “Descida da Cruz” ficará num museu afecto à Museus e Monumentos de Portugal.
A compra teve lugar na TEFAF, uma das mais prestigiadas feiras de obras de arte, que está neste momento a decorrer em Maastricht, nos Países Baixos. O certame encerra na quinta-feira, 14 de março, e só depois terá lugar a expedição da obra para Portugal. Segue-se a assinatura do tal memorando de entendimento entre o novo proprietário e a Museus e Monumentos de Portugal que deverá suceder na semana que vem, muito provavelmente num outro local que não aquele em que a pintura ficará exposta.
No comunicado da Museus e Monumentos de Portugal divulgado esta terça-feira, agradece-se à entidade privada nacional que demonstrou “inteira disponibilidade para colocar a obra à fruição pública”, e garante que os contornos do acordo serão conhecidos em breve.
Pintura “Descida da Cruz” de Domingos Sequeira regressa a Portugal na próxima semana
A venda a uma entidade privada portuguesa teve lugar em Maastricht, na feira TEFAF, no domingo, e o memorando de entendimento que permitirá o seu depósito e exposição num museu nacional será assinado na próxima semana