O espetáculo dos humoristas Salvador Martinha, Luís Franco Bastos e Rui Sinel de Cordes, marcado para o Teatro Sá da Bandeira, no Porto, na próxima quarta-feira, foi cancelado. Em comunicado da promotora Setlist, pode ler-se que a decisão foi tomada na sequência “dos acontecimentos de dia 23 de janeiro" em Lisboa, aos quais, acrescenta-se, “Salvador Martinha, Luís Franco-Bastos" e a própria sala onde o espetáculo teve lugar, o Tivoli, são “alheios”. Mas, afinal, o que aconteceu na passada terça-feira, num espetáculo destinado a homenagear Ricardo Vilão, antigo companheiro de estrada destes três humoristas, falecido no final do ano passado?
De acordo com testemunhos de quem assistiu ao espetáculo, ouvidos pelo “Expresso”, o espetáculo levou uma direção errática, devido ao comportamento de Rui Sinel de Cordes, que estaria “visivelmente alterado”. Irritada com a situação, que Salvador Martinha e Luís Franco-Bastos tentaram debelar, uma espectadora que estaria na segunda ou terceira fila levantou-se e perguntou a Rui Sinel de Cordes algo como “porque é que não te calas”. Isto porque “o espetáculo estava com muita dificuldade em avançar, porque o Rui constantemente interrompia” os companheiros, quando estes tentavam recordar histórias sobre o amigo desaparecido em 2023, e com quem há 12 anos atuavam.
Após a intervenção da espectadora, Rui Sinel de Cordes tê-la-á insultado durante cerca de três minutos. Nos comentários nas redes sociais do espetáculo, Ana Penalva lamentou a situação “vergonhosa” e o que considera ter sido um desrespeito pelo público e pelo homenageado, resumindo: “não foi humor, foi uma triste bebedeira”.
O grupo que acompanhava a espectadora acabou por sair da sala, assim como alguns espectadores sentados noutras áreas do Tivoli.
A diferença de registo de cada um dos humoristas, e do público que atraem, foi dada como possível interpretação para a divergência de reações ao sucedido: na sala e nas redes sociais, se alguns se insurgiram contra a postura de Rui Sinel de Cordes, outros acusaram a espectadora de interromper indevidamente o espetáculo.
“Foi uma noite de falhanços e erros apenas da minha responsabilidade”, Rui Sinel de Cordes
Esta quinta-feira, ao final da tarde, Rui Sinel de Cordes, que não respondera às tentativas de contacto por parte do “Expresso” para comentar o episódio, usou as suas redes sociais para pedir desculpa por uma noite “de falhanços e erros.” Assumindo a responsabilidade pelo sucedido, e ilibando os seus companheiros, o humorista admite que “no nervosismo daquele que foi o espetáculo mais difícil” da sua vida, “quis esconder emoções em palco, [abusando] do álcool”.
Sinel de Cordes lamenta ter comprometido a homenagem ao seu amigo, marcada para o Porto a 31 de janeiro, e pede desculpa à espectadora que insultou “sem justificação", ao restante público, à produção do espetáculo e sobretudo à família do homenageado, a quem o lucro da bilheteira será entregue.
“Quem acompanha o meu trabalho sabe que, em 19 anos, o que aconteceu esta noite é uma exceção. Ainda assim, é hora de corrigir coisas que não está bem”, admite.
Notícia atualizada às 20h50 de 25 de janeiro, com o pedido de desculpas de Rui Sinel de Cordes