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Cultura

A maldição de Napoleão, por Sebastião Bugalho

Ridley Scott roubou o nome à biografia e fez do imperador uma personagem de um filme que foge à realidade conhecida. É na vertente militar que os historiadores mostram menos misericórdia com a produção, que liderou a bilheteira em Portugal no último fim de semana

PROTAGONISTA Joaquin Phoenix no papel de Napoleão. Vencedor do Óscar com “Joker”, em 2020, foi nomeado pela Academia em três outras ocasiões, uma delas pelo seu papel em “Gladiador”, também de Ridley Scott
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Por norma, são os historiadores que desfazem os filmes que ficcionam em excesso a História. No caso de “Napoleão”, de Ridley Scott, nos cinemas desde a semana passada, a tradição inverteu-se. Talvez preventivamente, talvez inspirado na húbris do seu anti-herói, o realizador hostilizou abertamente os especialistas na era napoleónica, assim como o país que o teve como imperador. “Nem os franceses gostam deles próprios”, ironizou. “Quando tenho um problema com um historiador, pergunto-lhe: ‘Desculpa lá, pá, estavas lá? Não, pois não? Então, cala-te.’”

Para um cavaleiro condecorado por Isabel II, sir Ridley parece ter perdido a elegância aos 85. A sua vasta obra — “Gladiador”, “Alien”, “Blade Runner” — não perde grandeza por isso. Mas “Napoleão” — o filme — e Napoleão — a figura — sofrem em igual medida durante as quase três horas de sessão.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.