Cultura

Greve dos atores e argumentistas de Hollywood empurra prémios Emmy para 2024

Pela primeira vez desde 2001, a cerimónia dos prémios da indústria televisiva norte-americana, marcada para setembro, será adiada. Emmy foram remarcados para 15 de janeiro de 2024

Argumentistas de Hollywood em greve, à qual se juntaram recentemente os atores
AUDE GUERRUCCI/REUTERS

A última vez que a cerimónia de entrega dos Emmy foi adiada foi na altura dos ataques terroristas às Torres Gémeas, a 11 de setembro de 2001. Na altura, foi empurrada para novembro do mesmo ano. Vinte anos depois, a 75ª edição dos prémios da indústria televisiva norte-americana volta a ser atrasada, desta vez quatro meses, para 15 de janeiro de 2024. Desta vez, o motivo é outro: a greve dos atores e dos argumentistas de Hollywood.

O anúncio foi feito esta quinta-feira à Fox, que transmite o evento, pela Academia Internacional das Artes e Ciências Televisivas (IATAS, na sigla inglesa), responsável para atribuição dos prémios. E mostra que um acordo entre o Writers Guild of América (WGA), sindicato norte-americano que representa 11500 argumentistas de Hollywood, e o sindicato dos atores Sag-Aftra com a Aliança de Produtores de Cinema e de Televisão (AMPTP) não está iminente.

O adiamento da cerimónia dos prémios televisivos – que tem “Succession”, “The Last of Us”, “The White Lótus” e “Ted Lasso” como principais nomeados – já era expectável por causa das greves que estão a provocar uma das maiores paralisações da indústria do cinema e audiovisual dos Estados Unidos (EUA) nos últimos 60 anos – e que já levaram ao adiamento de várias estreias e produções. Também os Emmy das Artes Criativas serão atrasados para 6 e 7 de janeiro do próximo ano.

Os argumentistas foram os primeiros a entrar em greve, em maio deste ano, tendo sido seguidos pelos atores há duas semanas.

Tanto os atores como os argumentistas exigem que os residuais – ou seja, o pagamento pela utilização do seu trabalho pelas plataformas de streaming – tenham por base o número de telespectadores e que o número de trabalhadores nos programas seja mais elevado. Além disso, e num contexto em que a inteligência artificial permite a apropriação da imagem de um ator de várias formas, pedem garantias de que isso não substituirá a sua participação e de que serão compensados quando isso se verificar.

A AMPTP, no entanto, continua irredutível na questão dos ‘residuais’.

Vários atores famoses já anunciaram o seu apoio à Sag-Aftra, entre eles Matt Damon, Meryl Streep, Jennifer Lawrence, Emily Blunt, Johnny Depp e Angelina Jolie. E, embora estes tenham salários elevados e condições vantajosas, a sua solidariedade dá visibilidade à greve e às reivindicações do sindicato.