A classificação das vozes em soprano, mezzo e contralto ou tenor, barítono e baixo, com as subdivisões de ligeiro, lírico ou dramático, cantante ou profundo, etc., é uma circunstância relativamente recente. Em tempos remotos, cantoras e cantores escolhiam o que lhes dava na gana. Maria Callas terá sido a última diva a fazê-lo (em meados do século XX); tanto interpretava papéis de belcanto para soprano ligeiro como assumia as encarnações mais pesadas e dramáticas. Cantou Cherubini, Donizetti, Verdi ligeiro (Gilda) e dramático (Aida), Giordano ou Puccini, etc., mas também Mozart, Beethoven e Wagner, e até a Carmen de Bizet (em despedida). Ficou célebre o salto que deu em Veneza em 1949 quando alternou a Brünnhilde de “La Valchiria” (Wagner) com a Elvira de “I puritani” (Bellini). No nosso tempo, a mezzo Cecilia Bartoli tem-se destacado em alguns papéis de soprano, nomeadamente Norma (Bellini) e Comtesse Adèle (Rossini). Também é verdade que sempre houve os chamados Zwischenrollen ou papéis intermédios, como a Kundry de Wagner ou o Compositor de Strauss, para soprano ou mezzo, à escolha.
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