A vida não corria risonha para os Beach Boys na reta final dos anos 60. A obra-prima de 1966, “Pet Sounds”, que mostrara como o estúdio podia ser mais do que um local de gravação, abrira horizontes a novas possibilidades. O single “Good Vibrations”, criado segundo uma lógica de colagem de fragmentos, acentuou a vertigem no passo seguinte, abrindo caminho ao sonho de Brian Wilson de criar uma “teenage symphony to God”, à qual deu o título de “Smile” mas que, por motivos pessoais e conjunturais, ficou inacabada, abrindo inesperadas frestas na sustentação de um edifício criativo até então inabalado. “Smiley Smile”, o álbum possível lançado depois do colapso do monumento em construção e o patamar claramente menos sofisticado e desafiante dos seguintes “Wild Honey” (1967) e “Friends” (1969) — a que se seguiu “20/20” (1969), um disco em grande parte feito de outtakes de álbuns anteriores —, acentuou uma rota de progressivo desinteresse. As ligações entre os Beach Boys e Charles Manson, que tinha conhecido Dennis Wilson e gravado no seu estúdio em 1968, contribuíram para turvar mais ainda a perceção pública da sua imagem depois dos assassínios cometidos em agosto de 1969.
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