O que faz a singularidade dos festivais de cinema que valem a pena é nunca estarmos certos do que vem aí. Como se trata de filmes em estreia mundial, não há referências possíveis, comentários-muleta, âncoras por ouvir dizer. Quando muito, há o conhecimento do passado dos cineastas para acelerar ou ralentar expectativas. Mas, mesmo isso, vale o que vale.
Veja-se o caso de Ana Lily Amirpour, que espantou meio mundo com o seu filme de estreia (“Uma Rapariga Regressa de Noite Sozinha a Casa”, em 2014) e espaventou outro meio com o filme seguinte (“The Bad Batch - Terra Sem Lei”, em 2016) que metia canibais e tudo numa surpreendente orgia de mau-gosto que o Festival de Veneza premiou (o que não fez dele um filme melhor do que era).