O júri de Berlim 2021, formado exclusivamente por cineastas detentores do prémio máximo, não resistiu ao endiabrado “Bad Luck Banging or Loony Porn” e atribuiu o Urso de Ouro ao filme que mais saiu das normas e se aproximou do presente, curiosamente o único do concurso em que (entre outras coisas) se falou da pandemia. Não há muito a dizer quando uma obra deste nível, provocatória e em tempos que precisam de agitação, sai premiada de um festival como Berlim - “Bad Luck Banging...” impôs-se naturalmente e nem precisava desta rampa para o êxito que o aguarda a partir de agora mundo fora.
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Histórias femininas, cenas escolares e (pena de) morte numa Berlinale onde a interpretação já não tem género
Alguns dos melhores filmes de 2021 foram lançados aqui, entre eles o de Radu Jude, que se riu no fim: é romeno o novo Urso de Ouro. Passámos pelas imaginações e coincidências femininas, não isentas de crueldade, do japonês Hamaguchi, um dos premiados. Pela comédia georgiana de um cineasta lírico: Alexandre Koberidze. Pela pena de morte no Irão de Moghaddam e Sanaeeha e o sistema de ensino na Alemanha de Maria Speth. Sem esquecer as entradas francesas de Xavier Beauvois e Céline Sciamma, em filmes assombrados pela morte