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A história do 23-F, o golpe militar que há 40 anos pôs em causa a democracia em Espanha

Há 40 anos, o tenente-coronel Antonio Tejero interrompeu de forma intempestiva a votação de investidura do Governo de Leopoldo Calvo-Sotelo, entrando no Palacio de las Cortes à frente de 200 guardias civiles. Era o início de um golpe militar que pôs em causa a continuação da democracia em Espanha

Bettmann/getty images

Madrid, Palacio de las Cortes, 23 de fevereiro de 1981, 6h da tarde. O hemiciclo estava cheio para a segunda votação de investidura do Governo de Leopoldo Calvo-Sotelo. Na primeira fila das bancadas da direita destacavam-se as figuras de Adolfo Suárez, presidente do Governo demissionário, e do tenente-general Gutiérrez Mellado, seu vice-presidente e ministro da Defesa. Também na primeira fila, mas à esquerda, distinguiam-se Felipe González, secretário-geral dos socialistas do PSOE, e Santiago Carrillo, líder histórico dos comunistas (PCE).

O ambiente era tenso. Os últimos tempos tinham sido marcados por uma crise económica e social, pela ação terrorista e pela questão das autonomias, fatores que levaram Adolfo Suárez a demitir-se a 29 de janeiro. O partido que apoiava o Governo, a Unión de Centro Democrático (UCD), na realidade, uma coligação circunstancial de democratas-cristãos, sociais-democratas e antigos franquistas, apoiou então o nome de Leopoldo Calvo-Sotelo para substituir Adolfo Suárez. O objetivo era formar um novo Governo que completasse a legislatura e que terminaria após as eleições gerais de 1982. Mas a oposição não estava disposta a facilitar a vida a Leopoldo Calvo-Sotelo. A 20 de fevereiro, o novo Governo não tinha alcançado a maioria absoluta na primeira sessão de investidura e era com ansiedade que todos aguardavam pela segunda tentativa para o viabilizar.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.