Se juntássemos todos os realizadores que se estrearam no Fantasporto ao longo destes 40 anos teríamos uma galeria de vencedores de Óscares que vai de Quentin Tarantino a Catherine Bigelow ou de Peter Jackson a James Cameron. Esta foi uma das ideias fortes deixadas sexta-feira à noite na sessão de abertura oficial da 40ª edição do Fantasporto por Beatriz Pacheco Pereira, um das organizadoras do festival.
Depois de três dias dedicados à revisitação de clássicos como “Blade Runner” de Ridley Scott, “Dracula” de Francis Ford Coppola ou “Raging Bull” de Martin Scorsese seguiu-se a entrada na maratona de dez dias que marcará este festival, desdobrada por cinema fantástico, novos realizadores, cinema do Oriente, obras portuguesas, antestreias, etc.
A abertura do festival foi marcada pelo regresso do realizador norte-americano Brian A. Metcalf que nos trouxe “Adverse”, uma história sobre a “cadeia alimentar” constituída por grandes e pequenos traficantes de droga e suas vítimas, com magistral interpretação de Mickey Rourke que joga habilmente com a sua própria decadência física sobreposta à do velho gangster que interpreta. Nas cenas mais violentas reconhece-se o movimento e a ironia do anterior filme de Metcalf também aqui passado em 2018 “Living among us”, a história de uma equipa de televisão que vai entrevistar uma das várias famílias de vampiros que tinham decidido começar a coexistir pacificamente com os humanos … até ao momento em que as coisas começam a descambar.
Privatizar o sistema penal
A seguir, na sessão das onze da noite, o género de filme que se espera encontrar num Fantasporto: “Fright Night”/Nightmare radio” uma produção neozelandesa, argentina e britânica que agrega curtas-metragens de diversos realizadores de forma a recriar um filme à antiga por episódios, cujo fio condutor é a narração feita pelo animador da emissão nocturna de uma rádio dedicada ao paranormal e às histórias inverosímeis. Dos diversos episódios, três não eram maus de todo: uma rapariga assombrada em casa pelo fantasma da sua irmã, morta há pouco tempo, o caso de um adulto que abusava de uma jovem bailarina e, sobretudo, a corrosiva sátira ao que
sucederia se os trogloditas defensores da pena de morte e da castração um dia gerissem um sistema penal e judicial privatizado…
Este sábado as coisas começam a animar com a projecção logo ao começo da tarde de um filme filipino sobre um caso de possessão diabólica nos anos 50 e atingem o ponto alto com o muito aguardado filme sul-coreano “Bring me Home”.