Terá a montanha parido um rato? Se nos focarmos exclusivamente no catálogo próprio de originais apresentados, e comparando com o TGV de oferta em que a Netflix se transforma dia após dia ou com o manancial de histórias e heróis, produções e superproduções, com que a Disney tanto se agiganta, a título de exemplo, então a resposta parece óbvia.
A Apple é, porém, um titã global, largamente implantado e de raízes bem fundas, e neste passo agora dado em direção ao centro do concorrencialíssimo mercado do ‘streaming’ faz-se valer dessa mão cheia de trunfos. O ás pertence ao naipe da tecnologia digital de ponta que desenvolve; dos computadores, tablets e smartphones que fabrica e comercializa; do eficiente motor, o poderoso sistema operativo iOs.
Os milhares de milhões de utilizadores de iPhones, iPads, Macs, etc. espalhados pelo mundo serão porventura uma manilha (senão mesmo outro ás). A Apple parte para esta nova batalha dos conteúdos, do “Subscritption Video on Demand” (SVOD), suportada numa infraestrutura sólida e muito bem oleada e ao fazê-lo adota o sistema “dois em um”: renova e reforça a aplicação da Apple TV – agora com nome próprio: Apple TV Channels, - e anuncia a Apple TV+, a novel plataforma de ‘streaming’, em simultâneo.
A nova aplicação Apple TV Channels vai ganhar definitivamente escala e ambição, desde logo porque se vai expandir dos atuais dez países em que está disponível para mais de cem. Depois porque a Apple chegou a acordo com quatro dos maiores fabricantes de smart tvs (Samsung, Sony, LG e Vizio) para passar a incluir a app da Apple TV Channels diretamente no menu dos recetores. E porque o agregador de canais de cabo e de plataformas de streaming diversas, e de diversos operadores, conta nomeadamente com as apetecidas HBO, Showtime e CBS All Acess, por exemplo, bem como bem-sucedidos conteúdos da Amazon Prime Video e da Hulu.
Neste patamar da curadoria de filmes, séries, programas e transmissões desportivas, enquanto agregador e facilitador na distribuição, a Apple TV Channels concorre com a Amazon. A Netflix deixou-se ficar de fora, fez questão de o anunciar, e corre sozinha na sua pista, portanto.
A estrela maior do firmamento e mais esperada no evento levado à cena no Steve Jobs Theatre em Cupertino, na sede californiana da companhia, dá pelo nome de Apple TV+. Tim Cook, o CEO (“Chief Executive Officer”) deixou as apresentações para o final do alinhamento do evento e chamou ao palco Jamie Erlicht e Zach Van Amburg, os antigos executivos da Sony contratados para erguer a obra do novo SVOD da Apple. Daí em diante foi um ver se te avias de “superstars” da indústria de Hollywood, ora projetados em vídeo, ora em carne e osso, a desvendarem os segredos do que vai começar por ser a Apple TV+ a partir provavelmente do próximo outono.
Steven Spielberg deu o mote com a apresentação de Amazing Stories, Reese Witherspoon, Jennifer Aniston e Steve Carrell fizeram o “pitch” da série The Morning Show, Jason Momoa e Alfre Woodard levantaram o véu da série sci-fi See, etc. Oprah Winfrey fechou o evento com a apresentação de de duas series documentais (uma focada sobre assédio e outra sobre saúde mental). Dentro de um mês e pouco os dados estarão lançados.
A Apple antecipa-se ao lançamento de um fortíssimo futuro concorrente, a Disney+ que se prepara para entrar em ação no final do ano. E para ir abrindo o apetite aos subscritores projetou na tela do Steve Jobs Theatre o “reel” que se vê AQUI.