Foi já na cama, de telemóvel na mão, que me lembrei do pedido. Escolhe dez músicas, dez sons que gostes de ouvir. Fora este o desafio que o Zé me lançara horas antes. As músicas para mim dependem dos estados de espírito, dos momentos, das horas, dos lugares, dos silêncios. O que ouço é uma ‘jukebox’ desgovernada, sem lei, mas com rock, pop, indie, fado, blues ou o que quer que seja. Acabara de dar a meia-noite. E ouvia-se um quase silêncio. Corrijo. Ruídos que o meu cérebro já integrou e que se tornaram quase silêncios. O som dos meus gatos a deslocarem-se pelo corredor, o carro do lixo a anunciar-se na minha rua com a sua maquinaria esganiçada, aviões para cá e para lá...
(Ele usou a palavra silêncio? - perguntam vocês. Sim, é uma perceção de silêncio. Da cidade que se acalma e adormece, mas isso é outra conversa...)
Foi com esse ambiente que comecei a compor uma lista de músicas, de forma improvisada, apenas sendo fiel ao que me apetecia ouvir nessa madrugada. Sem estar preocupado com os olhares ou ouvidos alheios. De forma livre, portanto.
Comecei pelo ‘Disfruto’, de Carla Morrison, uma música que descobri há uns tempos e que tão bem canta o amor, a entrega e a paixão. E já que arranquei com paixão, incluí logo o ‘Pasión” de Rodrigo Leão, outro tema de que gosto muito. E por aí fora. É ouvirem. Espero que gostem desde ‘cadáver esquisito’ musical. Termino com o exótico “Libertango”, de Grace Jones, e o “Fix You”, dos Coldplay, para os vossos momentos mais blues. Porque a música pode consertar corações ou estados de alma.