Bruno Caseiro nunca tinha imaginado abrir um restaurante na Comporta. E, muito menos que, em cinco anos, acabaria por alargar o conceito do restaurante Cavalariça a Lisboa – entretanto reinventado como CAV 86 – e outro em Évora. Aliás, quando em idade escolar, nem sequer fazia parte dos mais extravagantes sonhos que cozinhar fosse uma paixão e um modo de vida.
O amor pela gastronomia chegou tarde, já após se ter licenciado em Psicologia e exercido a profissão. Sem aviso, Bruno Caseiro decide guardar o diploma na gaveta e partir em busca “de algo que me fizesse feliz”. Decide-se pela Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Ainda no curso de Culinary Arts passa pelos restaurantes Rota das Sedas e Sea Me, ambos na capital, acabando por rumar a Londres, para estagiar no Viajante, o projeto do chef Nuno Mendes, que tinha conquistado uma estrela Michelin. Foi, no entanto, no Chiltern Firehouse, que reconhece ter vivido os dias mais marcantes.
Regressa a Portugal para liderar o Sublime Comporta e, em 2017, já associado a Christopher Morrell, Bruno Caseiro assume a cozinha do Cavalariça Comporta. “Ganhou-se um cozinheiro, mas não se perdeu um psicólogo”, garante ao descrever o percurso profissional. “Formar, descobrir talentos, treinar os mais novos e apostar nas competências interpessoais” são, aos 40 anos, os grandes objetivos de Bruno Caseiro, para contrapor à constatação de, atualmente, “a cozinha estar afastada da componente humana”. É também defensor da parceria com pequenos produtores e da utilização de produtos nacionais nas cozinhas, para que todos possam ficar a ganhar “no ciclo que começa na terra, passa pelo cozinheiro e termina à mesa”.
Em conclusão, Bruno Caseiro, que integrou o guia “20 chefs que vão dar que falar”, oferecido pelo Expresso, no âmbito dos 20 anos da marca Boa Cama Boa Mesa, advoga o princípio de “escolher bem e comprar bem”, valorizando o fator proximidade. Bruno Caseiro lidera três restaurantes, todos com a mesma filosofia de sustentabilidade, que pode ser apreciada à mesa, em pratos plenos de sabores, texturas e complexidade, que geram felicidade a cada garfada, entre pão Sourdough, os vegetais que são paixão do chef, ou o inesperado “Choco salteado, batata nova ao sal, molho fumado de tinta de choco e esparregado”. Antes das despedidas, o chef de cozinha deixa um conselho: “É preciso ensinar os ciclos das estações, logo na escola primária, para que todos tenham consciência de que é fundamental consumir ou servir o que está em melhor estado em cada época do ano”.