O som da água a cair no tanque é um consolo. Respira-se ar puro e a esplanada sombreada pelas velhas Carvalhas convida a ficar na Quinta da Cavada. A vista alcança a cordilheira e ao centro deste quadro rural está uma casa de pedra e madeira que alberga um restaurante de sucesso em Vouzela. Entra-se e vê-se o lume, ao fundo, resgatando lembranças da meninice: “A lareira conforta e dá aconchego, as pessoas sentem-se em casa”, considera o proprietário, António Matos. Em exibição no meio da sala estão os vinhos, para harmonizações excecionais à mesa.
Ao lado do restaurante cultivam-se frutas, ervas aromáticas e hortícolas utilizados na confeção, bem como se guardam as capoeiras e, no campo, se passeiam os animais de pasto. É neste “mercado” que Maria Alice, mulher de António Matos e cozinheira, abastece o restaurante. “A nossa vocação é a cozinha tradicional, que tem a ver com os usos e costumes das nossas gentes e da zona serrana. Queremos que provem as iguarias autênticas da nossa terra”, defende António, que abriu esta casa em 2006 para dar mais conforto aos clientes do antigo restaurante, o Regalinho. Admite que a decisão foi um “tiro no escuro”, até pela menor afluência à nova localização no inverno, mas acabou por ser revelar acertada tendo em conta o crescente “reconhecimento do trabalho” de toda a família.
A morcela da região frita à moda da aldeia, a chouriça com cozedura em vinho, a empada de carnes, o queijo de ovelha e o presunto regional com broa frita estimulam o palato. As especialidades da Quinta da Cavada dão para duas pessoas, com a Vitela assada à moda de Lafões (€26) na dianteira. Tempera-se a carne, que só vai ao forno no dia seguinte durante duas horas. Acompanha com batata assada, arroz e migas beirãs e já foi saboreada por Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa durante os mandatos na presidência da República.
Em alternativa, a ementa indica a Posta de vitela nas brasas, o Borreguinho grelhado (€32,50) e vários arrozes: em vinha d'alhos com hortaliça (€25), à lavrador no tacho à moda da tia Alice (€18,50), que rapidamente se percebe, é a mulher de António e a cozinheira de sempre desta casa. Há ainda Arroz de cogumelos no tacho enriquecido com galo do campo à moda da tia Alice (€30), e Arroz de cabidela à moda da aldeia (€20). Considere as Migas de bacalhau, o Polvo assado nas brasas e o Arroz-doce ou o Leite-creme nas sobremesas.
Em conclusão, como anuncia o restaurante, aqui prova-se “a verdadeira cozinha velha da região de Lafões”, razão para que a Quinta da Cavada (Urbanização Porto Salto, Vouzela. Tel. 232772602) tenha integrado o guia “20 restaurantes que merecem o desvio” oferecido pelo Expresso no âmbito dos 20 anos da marca Boa Cama Boa Mesa.