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De tasca a símbolo regional, este restaurante de Alcobaça é um "museu familiar"

Fundada em 1938, de tasca evoluiu até se transformar em referência gastronómica na região Oeste. Do “frango na púcara” ao tentador carrinho de doces conventuais, o restaurante António Padeiro, em Alcobaça, funciona “como uma espécie de museu familiar partilhado com o público"

Cabrito no forno no restaurante António Padeiro

A história deste ícone regional começou em 1938, primeiro como tasca e mais tarde como cervejaria. Era a segunda ocupação de António Padeiro: antes de servir os clientes, numa loja onde muitos canários em gaiolas serviam de companhia habitual, foi futebolista profissional. Com o passar dos anos, a crescente procura obrigou a cervejaria a dar lugar a um restaurante que, consistentemente, foi crescendo em fama e espaço.

António Padeiro

Atualmente, o restaurante António Padeiro, em Alcobaça, tem três salas, cave, sala do forno e escritório, e “funciona como uma espécie de museu familiar, partilhado com o público”, pelos inúmeros objetos em exposição, entre histórias e memórias de outros tempos. Quem o diz é Ana Branco, 53 anos, neta de António Padeiro e atual proprietária do restaurante, a quem cabe o leme da cozinha e a responsabilidade de perpetuar o legado da família.

“Rissóis de robalo e camarão com arroz de camarão”

O sucesso da casa, e motivo de tanta procura, garante, “é o amor que tenho por aquilo que faço”. Apoia-se nas receitas da mãe, herdeira do receituário original, e ainda hoje responsável pelas sobremesas. “A minha mãe é especialista em doces conventuais. Tem uma mão única para os doces e eu sei que nunca lhe vou chegar aos calcanhares”, assume. É impossível ficar indiferente ao carrinho de sobremesas que chega à mesa antes do fim da refeição: Barriga de freira, Fidalgo, Arroz de anjos, Ovos reais e Trouxas de ovos de Alcobaça são “apenas” algumas das tentações. Não só mas também pelos doces, “gerações de clientes almoçam ou jantam cá, religiosamente, todos os anos. Aos habituais sirvo todas as semanas” detalha Ana Branco.

Doces tentações no restaurante António Padeiro

O prato de que mais se orgulha e que nunca vai tirar da ementa, revela sem hesitar, é o Cabrito à Padeiro (€20), mesmo quando a mais recente introdução de carnes maturadas, como o Tomahawk (€59,50), o Chuletón (€56,50), o T-bone (€56,50) e o Entrecôte (€50) se revelem apostas certeiras e ao gosto da clientela. O emblemático “Frango na púcara” (€13,50) e os “Lombinhos de novilho com manteiga de salsa e alho” (€19,50) fazem sempre parte da ementa, bem como, na devida época, a “Perdiz na púcara”. Conte com pratos dia de inspiração tradicional e algumas surpresas, do “Bacalhau no forno com cobertura de migas de broa e farinheira”, servido a duas pessoas, aos “Rissóis de robalo e camarão com arroz de camarão” (€15,50), passando pelos bifes “António Padeiro” e pelos “Croquetes de borrego estufado com arroz no forno” (€17).

Quanto à sucessão, Ana Branco não está preocupada. “Tenho duas filhas que, para já, não demonstram grande interesse, mas eu, com 17 anos, também detestava e hoje não me arrependo de cá ter vindo parar”, remata, com esperança de que a história se repita, dando continuidade ao legado gastronómico de António Padeiro (Rua Dom Maur Cocheril, 27, Alcobaça. Tel. 262582295), que integrou o guia “20 restaurantes que não passam de moda”, oferecido pelo Expresso, no âmbito dos 20 anos da marca Boa Cama Boa Mesa.

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