Os recursos do planeta são cada vez mais escassos e não se regeneram à velocidade a que a população os consome. Manter este ritmo trará “consequências nefastas”, que só se podem evitar combatendo o desperdício e “reaproveitando matérias-primas”, afirmou o diretor-geral da AJAP, Firmino Cordeiro, que recordou a agricultura circular como “tema estruturante”.
Em Portugal já existem “bons exemplos” de economia circular na agricultura, apontou Assunção Cristas, ex-ministra do Ambiente, Mar e Ordenamento e sócia da Vieira de Almeida, mas apesar dos sinais positivos continua a não ser possível “pensar a operação agrícola sem ir de um lado ao outro”. Os subprodutos não estão condenados a ser desperdício, podem ser úteis a outras indústrias e, por isso, urge apostar em parcerias que se estendam ao longo da cadeia.
“Sem alianças é muito mais difícil encontrar soluções boas e de escala”, reiterou, apelando a que haja mais convergência, seja através das associações de agricultores ou de contratos estáveis com a “produção, distribuição ou outros sectores”. Contudo, conciliar sustentabilidade económica e ambiental é “impossível sem pedagogia, sem diálogo e sem vontade política”, acrescentou Sebastião Bugalho, comentador da SIC.
Ainda a propósito de conciliação, Cristas relembrou que os agricultores são os primeiros a sentir as questões ambientais, o que os torna “uma força para a transformação, que pode estar do lado das soluções”. A uma escala diferente, ao nível ministerial, a cooperação também é precisa e seria uma opção “avisada” casar Agricultura e Ambiente.