João Rodrigues, que volta a chefiar uma cozinha desde que saiu do restaurante Feitoria, onde conquistou um Garfo de Ouro do Guia Boa Cama Boa Mesa pela última vez em 2022, e com uma estrela Michelin, anda de um lado para o outro do balcão com um sorriso largo estampado na cara. Cumprimenta os clientes, mesmo não os conhecendo de outro lado e sorri ainda mais quando os moradores da porta ao lado lhe dizem estar contentes com a vinda do chef para a vizinhança.

No Canalha Restaurante não há o fine dinning a que João Rodrigues habituou Lisboa mas sim, “o melhor produto disponível nos mercados”, o que significa que “a ementa de hoje é, seguramente, diferente da de amanhã”. Há técnica herdada do percurso profissional do chef, mas na essência, diz, “fazemos comida de tacho, de forno, de brasa, ou seja, de conforto, como se fazia antigamente nos melhores restaurantes de Lisboa”. Não há formalidades, e, conta voltando a sorrir, “se cair um garfo no chão, apanha-se com naturalidade, como se faz em qualquer restaurante de bairro”.

Quanto ao nome, Canalha, João Rodrigues assegura que “não é uma provocação”. É até uma homenagem à avó que, “quando lhe perguntavam pelos netos, respondia: a canalha anda por aí a brincar, já que no norte, de onde sou natural, canalha é um termo usado para referir os miúdos, sem ser depreciativo”.

Na ementa do Canalha Restaurante todas as refeições começam com “Pão de massa mãe, azeite Monte dos Fuseiros e azeitonas temperadas” (€4,50). Depois, para partilhar, “Presunto 100% Bolota Maldonado” (€13,10), “Chorizo 100% Bolota Maldonado” (€6), “Queijo de cabra fresco” (€2,80), “Anchova xaia” (€3), “Salada russa” (€4,50), e “Pastéis de bacalhau” (€3,20). Seguem-se o “Raspado de presa de vaca Simental Alex Castani” (€16,10), e o “Tiradito de atum-rabilho de almadraba Balfegó” (€24), os “Pimentos de forno” (€7,40) e o “Alho-francês assado, pinhões e vinagrete de mel e limão” (€12).

Há ainda, no Canalha Restaurante de João Rodrigues, “Molejas de borrego alentejano grelhadas” (€9,20), “Tortilha aberta de camarão e cebola” (€17,90), “Cogumelos selvagens, gema e papada de porco feito no Zambujal” (€24), “Carabineiro salteado, ovo frito e batata Laura Raul Reis” (€29,50), “Lula de toneira grelhada e manteiga de ovelha” (€25), “Arroz frito de mar e montanha” (€16) e “Bitoque do lombo” (€16). As “Carnes, peixes e mariscos”, estão “sob consulta”, dependendo dos mercados, são servidos cozidos, grelhados ou salteados, sendo o preço definido por quilo.

Nas ofertas doceiras serve-se “Fruta da estação” (€4), “Leite-creme” (€4), “Mousse de chocolate e pó de café” (€4), “Pudim flan” (€4) e um surpreendente “Marmelo assado e gelado de nata” (€5). João Rodrigues vai-se manter do lado de dentro do balcão por uns tempos, sendo o serviço orientado depois por Lívia Orofino, que assume a função de chef executiva. Nascida e criada no Rio de Janeiro, começou a cozinhar quando era criança, com a avó, de família italiana. Frequentou a faculdade de gastronomia francesa do chef Alan Ducasse e com 19 anos entrou no Lasai, um dos melhores restaurantes do Brasil. Conheceu João Rodrigues precisamente do outro lado do Atlântico e pouco tempo depois, foi convidada para trabalhar no restaurante Feitoria, onde ficou quatro anos.