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Em Lisboa dorme-se mais perto do céu neste antigo convento dominicano do século XIII

O Convento de São Domingos, junto à Praça do Rossio, ganhou nova vida. Transformado no Convent Square Hotel Lisbon Vignette Collection, é um refúgio de relaxamento, mas também um ótimo ponto de partida para a (re)descoberta da vibrante baixa lisboeta.

Foram necessários sete anos de reconstrução para permitir usufruir deste património de oito séculos, pertencente outrora à ordem dominicana, palco de importantes acontecimentos da história da cidade de Lisboa. Com projeto de arquitetura de Marcelo Azevedo (GRCA), o Convent Square Hotel, ladeado pela Igreja de São Domingos, lugar de coroações e batizados reais, durante muito tempo a igreja mais importante da cidade de Lisboa, fica na rua com o nome de um dos responsáveis pela Restauração, Dom Antão de Almada.

Mas se o local está ligado a alguns protagonistas políticos da história, também o está ao dia a dia da população, sobretudo dos viajantes que por ali passavam. São estes que conferem ao Convento de São Domingos a função que hoje vê recuperada, a da hospitalidade. Muitos daqueles que procuravam abrigo, descanso, ou até cura para algumas maleitas, faziam-no junto da ordem dominicana, cujos edifícios ocupavam uma área que chegava à praça do Rossio antes dos terramotos.

Convent Square Lisbon Hotel, Vignette Collection

Este consolo, ou mesmo tratamento, era conseguido através da ervanária, do boticário, que serve de mote à carta de bar, idealizada por Rui Príncipe (Street Shaker). Após passar as portas do hotel e pasmar perante a beleza dos claustros, o coração do hotel, é tempo de tomar um “Elixir” (€16), um “Tonic” (€16), “Sérum” (€12), ou outra proposta de mixologia, feita de ervas aromáticas e especiarias que vinham nos barcos da altura, entre alecrim, gengibre, canela, mas também frutos como citrinos, romã, sabores portugueses e também árabes. Muitas destas receitas são recriações de receitas de monges, inclusive de outros conventos portugueses, como é o caso do Arrabidine, oriundo do convento da Arrábida, utilizado no “Sedative”, cocktail de partilha (€34), ou de ordens estrangeiras como a beneditina, dos monges franceses, dos quais vem o Genciane, o licor preferido para a criação do “Antidote” (€16).

Todos os dias pelas 17h00 faz-se outra viagem pela história, neste caso através do chá. O Ritual Memorável recorda Catarina de Bragança e o dote de casamento que levou para a corte inglesa, neste caso armazenado em caixas com a designação TEA (Transporte de Ervas Aromáticas). O ritual foi criado em conjunto com a Infusões com História.

Convent Square Lisbon Hotel, Vignette Collection
manuel gomes da costa

Quando os pit fires acendem, pelas oito da noite, a iluminação muda e a atmosfera convida a ficar a admirar a escultura de Pedro Cabrita Reis, “Flor do Claustro”, e as oliveiras centenárias, além da própria arquitetura maravilhosa. É tempo de passar à sala do Capítulo, onde as pessoas se reuniam para ler precisamente o capítulo, ponto de oratória, de conversa, e agora restaurante, onde se provam os sabores da cozinha portuguesa no restaurante, entre os quais sobressaem as Pataniscas de bacalhau (€14), nas entradas, o Arroz do Mar (lula, camarão, berbigão e peixe do dia) (€33), nos pratos principais, e o “Pudim Abade de Priscos, com ananás caramelizado e hortelã” (€8) ou o “Toucinho do Céu” (€8), nas sobremesas, todos eles emblemas de Vítor Sobral, responsável pela ementa. O chef descreve a carta como “vocacionada para a partilha, sobretudo nas entradas, enquanto nos pratos, 50% são de tacho na mesa e outros 50% individuais, sendo a matriz de cozinha baseada nas raízes regionais, enquanto ao nível das sobremesas a oferta foi pensada para ter mais propostas de doces conventuais”.

Convent Square Lisbon Hotel, Vignette Collection
manuel gomes da costa

Os arcos do convento dão o mote para o design de interiores, a cargo das arquitetas Cristina Santos Silva e Ana Menezes Cardoso (ARTICA), e deixam brilhar o bar oval, ao centro da sala, assim como as esplendorosas garrafeiras. Tem elevador direto para os 121 quartos (€300), alguns com vista para os claustros e outros para as ruas da Baixa. E é no quinto piso que se revelam os céus de Lisboa. A piscina interior, com luz natural graças às paredes envidraçadas, permite relaxar a olhar os céus da cidade, os tetos da igreja e algum casario de Lisboa antiga. Será porventura o lugar do hotel em que a aura espiritual deste património religioso atinge mais os hóspedes, nas alturas, reconfortados pelo calor da piscina, abrigados num edifício onde rezaram gerações e gerações de dominicanos. Não será difícil desligar do rebuliço da cidade, mas, para quem prefere algo mais enérgico, existe um pequeno ginásio na sala ao lado.

O Convent Square Hotel (Rua Dom Antão de Almada, 4, Lisboa. Tel.218295200) é um convite de usufruto de várias realidades, a das ruas de calçada portuguesa, lojas tradicionais, alfarrabistas, cafés e teatros e a do relaxamento e das experiências ligadas a um património arquitetónico único e à história de Lisboa e de Portugal. Abriu portas no dia 1 de agosto de 2023 com a chancela Vignette Collection, que complementa o portfólio de luxo e lifestyle do grupo IHG, do qual já fazem parte Six Senses, Regent Hotels & Resorts, InterContinental Hotels & Resorts, e Kimpton Hotels & Resorts.

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