O Convento do Espinheiro, hotel de cinco estrelas nos arredores da cidade de Évora, tem, desde finais de novembro, um novo espaço de turismo em espaço rural. É, nada mais, nada menos, que uma casa integrada na Quinta do Santo, propriedade situada dois passos deste edifício histórico. Depois de recuperada e reestruturada de acordo com a traça original, foi ali instalada a uma oferta singular: um restaurante com quatro quartos (a partir de €250). O espaço de restauração ganhou o nome de Cenoura-Brava, alusivo à bonita flor deste tubérculo. Com apenas 15 lugares, está decorado com mobiliário minimalista, constituído por peças selecionadas sob o requisito do bom gosto.
A mesma simplicidade brilha em cada um dos nove momentos do menu de degustação (€120, com bebidas e café incluídos), com um trio de sobremesas, criado exclusivamente para o Cenoura-Brava, os quais vão mudando de acordo com a oferta do mercado e da lota. O autor é João Figueiredo, 24 anos, aprendiz, em tempos, do chef João Rodrigues, de quem absorveu saber e o tão importante respeito pelo produto, adquirido num raio de 35 a 40 km de distância. “Cerca de 95% do produto conseguimos ir buscar neste perímetro”, daí que todos os pratos do Cenoura-Brava sejam compostos por ingredientes regionais, mas sobretudo locais. O mesmo cuidado está inerente no aproveitamento máximo de todas as partes de cada matéria-prima, com os ossos cozinhados até ao tutano ou os fermentados, outras das boas práticas implementadas pelo chef.
Desde os “Fígados, frango, hibiscos”, uma tartelete feita a partir de peles de frango, recheada com mousse de fígado e hibiscos em gel e pó, à “Caça menor, pimento fermentado, maçã, iogurte”, desta feita, um pato, que é depenado e esmiuçado ao pormenor pela equipa de cozinha de João Figueiredo, composta por Nicole Reis e Miguel Coelho. A provocação do jovem chef é contínua no Cenoura-Brava, com a “Língua de vaca, cebola, chalota” ou o “Presunto, gema, lula”, em que o primeiro é curado, pelo menos, durante 12 meses, por João Figueiredo. Pelo meio, há o “Peixe da lota, girassol-batateiro, água-mel e bivalves”. Tudo é confecionado com a máxima delicadeza e a primazia dos sabores, e acompanhado por uma harmonização vínica de Cristiano Santos, escanção do Convento do Espinheiro.
Depois, chegam, à mesa do Cenoura-Brava, “Pera, alfarroba, limão” e o “Marmelo, folhas de outono, requeijão” pelas mãos de Carla Parreira, chef de pastelaria do referido hotel de cinco estrelas. O trio de sobremesas termina com mimos, para adoçar a boca antes de chegar a um dos quatro quartos, instalados no lado oposto do edifício, da Quinta do Santo.
A estética minimalista é contígua a este espaço da casa. As mantas saídas de teares, cobrem parte das camas, onde a palavra conforto faz parte do léxico. As cerâmicas feitas à mão predominam na decoração, numa ligação perfeita com o Alentejo, cuja paisagem entra nos quartos aquando da abertura das portadas das varandas.
Lá fora, o terraço serve de corredor para a piscina exterior infinita, com vista para o mesmo cenário idílico desta Quinta do Santo (Quinta do Convento, Évora. Tel. 266788200), refúgio gastronómico localizado às portas de Évora, classificada, desde 1986, como Património Mundial da UNESCO e Capital Europeia da Cultura 2027. É ir!