Já esta semana, tinha sido noticiada a destruição completa do Moinho de Vento de Avecasta, edificado em madeira e um dos símbolos do concelho de Ferreira do Zêzere. Ontem, foi o fogo de Palmela que queimou os moinhos do projeto Histórias à Mesa, uma sugestão frequente nos roteiros de verão do Expresso e Boa Cama Boa Mesa e que integrou a coleção de guias Portugal Secreto – Os locais que os turistas (ainda) não conhecem.
Nas redes sociais, os promotores do projeto Histórias à Mesa, Rute e Pedro Lima, deram conta da destruição provocada pelo fogo que deflagrou em Palmela, bem como do estado de espírito perante tão desolador cenário: “Estamos de luto” e “Num instante o sonho arde” foram alguns do desabafos.
“Os dois moinhos arderam. Ficaram completamente destruídos. Um onde tinha as mesas e o outro onde fazia a moagem, os workshops para as crianças, as casas e o patiozinho mais abaixo”, relata Pedro Lima ao Boa Cama Boa Mesa.
Cozinheiro de profissão, Pedro Lima acompanhava os roteiros pelos Moinhos Vivos de Palmela com as Histórias à Mesa, os workhops com o moleiro e as burricadas pela serra com almoços, que integravam o programa de atividades do projeto. “Quando os bombeiros chegaram estava praticamente tudo ardido porque as chamas eram muito altas e se pusessem ali o carro ardia também”, tenta explicar recordando que “apesar de estar tudo limpo, mesmo os bombeiros disseram que o vento não ajudava e que não conseguiam fazer nada”.
Para já Pedro Lima revela que vão “cancelar os programas, devolver o dinheiro de sinalização e ver o que se vai fazer daqui para a frente” e deixa uma mensagem aos governantes: “Como os moinhos são património nacional pode ser que o Estado se lembre”. Até lá, não vai ficar parado e já está a efetuar contactos para “perceber quem quer colaborar connosco, fazer alguns almoços, jantares e tentar angariar algum apoio”.
A situação em Palmela ainda é caótica e segundo Pedro Lima, a família Frescata, proprietária dos moinhos, “tem mais bens que arderam na região e estava atrapalhada a salvar os animais, como os cavalos da Quinta de São Brás, com que faz passeios pela serra, e no Vale dos Barris, dois burros e um pónei”.
Logo que seja possível e tenha luz verde da Proteção Civil e dos proprietários, Pedro Lima quer arregaçar as mangas e dedicar-se à recuperação dos moinhos. “Assim que tiver água e luz, espero começar a fazer o telhado e as portas da casa, mas vou ter de deixar os moinhos para trás. Temos de arranjar alguém que oriente o trabalho porque o moleiro Umberto, com 83 anos, foi para o hospital” com queimaduras provocadas pelo incêndio.
Recorde-se que no guia Portugal Secreto oferecido com o Expresso do passado dia 24 de junho constava a sugestão de um passeio especial pela “icónica serra do Louro com os Moinhos Vivos de Palmela à procura dos pirilampos que durante os dias quentes e mais escuros, mostram a luz especial do ritual de acasalamento”. Pode ainda ler-se: “Almoce num moinho com quase 250 anos. Prove a Perna de porco e o Frango à Padeiro, feitos no forno do moleiro. São as Histórias à Mesa dos Moinhos Vivos, refeições em que se recordam as vidas de outros tempos. Aprenda a fazer pão e as doces Fogaças de Palmela nos workshops. Aventure-se numa burricada e faça a visita guiada ao moinho”.
Sugestões que depois do fogo de Palmela vão ter de esperar…