Auto crítica

Mazda BT-50: o segredo está na simplicidade

Rui Cardoso (www.expresso.pt)

Por que razão a "pick-up" BT-50 da Mazda tem tido tanto sucesso? Porque conjuga eficácia em TT e em estrada com preços interessantes.

Se vemos a circular por aí tantas "pick-ups" Mazda BT-50 com matrículas recentes há de haver uma razão para isso. Em bom rigor, há várias: preços interessantes (sobretudo na versão de cabina alongada, dita Free Style, a partir de € 21.000) e competência, tanto dentro como fora de estrada.

Experimentámos a versão de cabina dupla da BT-50 4x4 com o nível intermédio de equipamento (versão Plus, com ar condicionado e pouco mais, que custa € 32.909). Mal nos sentamos no lugar do condutor percebemos que não há arrebiques: o travão de mão é horizontal e sai do tablier como nos carros antigos.

Mimos como os indicadores de consumo médio/instantâneo, autonomia ou temperatura exterior primam pela ausência (nesta versão). Condutor e pendura não estarão tão próximos como num Suzuki Jimny mas a largura não impressiona, pelo menos em comparação com outras "pick-ups".

Também verificamos que o espaço atrás, mesmo em cabina dupla, como era o caso, está longe de ser dos mais generosos do mercado. Em contrapartida a caixa de carga traz olhais para fixar a dita e um rebordo dos dois lados para prender lonas ou reforçar a amarração de objetos mais volumosos.

Começamos a andar e o motor, nem sendo dos mais potentes do mercado (143 cv), impressiona pela sua resposta pronta, mesmo a baixa rotação, muito mais agradável de conduzir que a versão de há quatro ou cinco anos. É um motor turbodiesel mesmo vivo e o turbo "pega" a baixa rotação, o que é fundamental em condução fora de estrada. Talvez pudesse ser um pouco menos barulhento.

Menos impressionante é a suspensão. Volta e meia não nos deixa esquecer que estamos a guiar uma "pick-up" e não um ligeiro: castiga-nos ao passar nas lombas de velocidade (e aí revela-se mais desconfortável que uma Toyota Hi-Lux ou uma Isuzu D-Max). E basta chegar aos dois primeiros ganchos da subida da Mealhada para o Luso para sentir as típicas perdas de motricidade no eixo traseiro. O condutor exigente poderá sempre investir em amortecedores melhores e numa taragem diferente da suspensão, sobretudo traseira.

O consumo não escandaliza e mesmo sem o apoio das leituras instantâneas do computador de bordo, doseando bem a posição do acelerador e evitando passar dos 120 km/h não se foge muito aos 8,5 litros aos cem anunciados pelo fabricante. Estamos a falar de estrada e andamentos moderados. Em 4x4 serão, pelo menos, mais dois litros.

Percebe-se ao fim de umas centenas de quilómetros de teste que os bons resultados das BT-50 na competição TT (que passou por um troféu, o Desafio Elf/Mazda) não foram um acaso.

É um carro simples, robusto, feito para andar fora de estrada e não dar problemas. Para quem queira exatamente isto e dispense arrebiques, é uma boa escolha.