Da última vez que tínhamos andado pelos arredores do Redondo e de Terrena chovia que Deus a dava. Como na altura escrevi, o Wrangler de seis velocidades saiu-se com brilhantismo num terreno muito ensopado e cheio de armadilhas.
Com as pistas um pouco mais secas, voltámos lá com a versão de caixa automática. Em ambos os casos usámos a viatura de quatro portas e chassis longo e 200 cavalos.A primeira coisa que interessava perceber era a que ponto a caixa automática penalizava o consumo.
Não penaliza por aí além, desde que se parta do princípio que neste carro, para se ter bons consumos, só se deve andar em velocidade de cruzeiro com o ponteiro do conta-rotações abaixo das 2.000 e, de preferência, com o sinal "Eco" aceso no mostrador (sinal de que a aceleração é a ideal para aquele andamento).
Feita esta opção que, na prática significa não passar dos 120 km/h, salvo numa ultrapassagem ou noutra situação pontual, podemos contar com consumos em estrada da ordem dos 11 litros aos cem.
Com sorte e jeito pode chegar-se aos dez litros, mas não é fácil.Fora de estrada a caixa automática revelou-se suave e muito confortável. De resto nesta versão o binário sobe de 410 para 460 Nm.
A caixa tem cinco velocidade e " autostick" (este permite ao condutor sair do modo totalmente automático e selecionar manualmente as mudanças à maneira de uma caixa sequencial; em TT possibilita bloquear uma relação baixa para descidas inclinadas ou uma relação alta para arrancar suavemente em superfícies com pouca tração).O Wrangler automático revelou-se verdadeiramente espetacular para passar obstáculos ao ralenti e mesmo para subir rampas porque o risco de o motor ir abaixo ou de as rodas patinarem é zero.
Já a passar a única ribeira que ainda tinha muita lama no fundo a resposta do carro foi um pouco mais lenta e o obstáculo foi conquistado centímetro a centímetro e com o "bote" completamente atravessado.Como é normal nas caixas automáticas, o que se ganha a subir perde-se a descer. Mesmo em curtas, o efeito de retenção do motor não é o da versão manual, obrigando a um recurso moderado ao travão nos corta-fogos mais íngremes.E o consumo em terra, estarão os mais céticos a perguntar. Pois não foi catastrófico: da ordem dos 13 litros aos cem para um percurso, ora rolante, ora com muitos obstáculos e passagens lentas.Escusado será dizer que, na cidade, a caixa automática é um verdadeiro regalo, pondo termo ao suplício do joelho esquerdo nos engarrafamentos e facilitando as sempre morosas manobras de estacionamento de uma "barca" com mais de cinco metros de comprido e razoavelmente larga.Ergonomicamente falando, tem o mesmo defeito de origem da versão manual: não há apoio para o pé esquerdo, obrigando o condutor a encostar muito a perna à porta para se apoiar.
Em contrapartida tem, talvez, o melhor esguicho de lava-vidros que alguma vez vi no TT. Nem nas corridas...Relativamente à versão manual equivalente, a caixa automática representa um sobrecusto da ordem dos mil euros: fica por € 39.950 (em vez de 38.950) para o modelo Sahara de quatro portas.